Sono x Obesidade


Estudos apontam que pessoas que dormem pouco estão mais propensas ao ganho de peso

A redução do tempo de dormir tornou-se um hábito comum em nossa sociedade, guiado pelas exigências e oportunidades da sociedade moderna. Ao longo dos últimos anos, a duração autorreportada do sono nos brasileiros  diminuiu cerca de 1,5 a 2 horas por noite.  Estudos epidemiológicos recentes têm correlacionado a curta duração do tempo de sono com o aumento do índice de massa corporal (IMC) em diferentes populações estudadas, além de maior favorecimento ao adoecimento mental.

Uma relação entre sono e ingestão alimentar vem sendo postulada pela literatura atual, sendo amplamente demonstrado em modelos animais que se mostram hiperfágicos após a privação de sono. Em humanos, o trabalho por turno e o jet lag, situações que comumente alteram o padrão habitual de sono, estão claramente associados às alterações no padrão da ingestão alimentar.

“Embora os mecanismos que esclarecem essas associações não estejam totalmente elucidados, sabe-se que os distúrbios provocados pelas alterações nos horários de sono/vigília influenciam o apetite, a saciedade e, consequentemente, a ingestão alimentar, o que parece favorecer o aumento da obesidade. Acredita-se que isso se deva a uma dessincronização ou desajustes no relógio biológico, o que prejudica a duração e qualidade do sono e modifica o controle da ingestão alimentar”, explica o psiquiatra e médico do sono Dr. Bruno Lacerda.

Outro fator que deve ser levado em consideração é o fato de que  um maior tempo acordado, além de promover a alteração hormonal capaz de aumentar a ingestão calórica, pode possibilitar uma maior oportunidade para a ingestão de alimentos. Além disso, a  perda de sono pode também resultar em fadiga diurna, que tende a diminuir o nível de atividade física, favorecendo ao ganho de peso.

Estudos recentes têm observado que a redução do tempo total de sono está associada a dois comportamentos endócrinos paralelos capazes de alterar significativamente a ingestão alimentar: a diminuição do hormônio sacietogênico (leptina) e o aumento do hormônio da fome (grelina),  resultando, assim, no aumento do apetite  e da ingestão alimentar. Em um experimento realizado em humanos, a privação de sono em homens foi associada a um aumento de 28% nos níveis da grelina, diminuição de 18% nos níveis de leptina e aumento de  23% no apetite.  Em humanos, a circulação da leptina sanguínea é reflexo das mudanças agudas no balanço energético resultantes do aumento ou diminuição da ingestão calórica, em que o jejum ou a perda de massa corporal resulta em baixos níveis de leptina no sangue, que, por sua vez, gera um aumento da expressão no hipotalâmico, levando à estimulação da ingestão alimentar.

Dessa forma, um tempo adequado de sono parece ser essencial para a manutenção do estado nutricional e deve ser estimulado por profissionais da saúde.

Dr. Bruno Lacerda
Psiquiatra e médico do sono
CRM/RN: 6807 RQE Nº: 1978

Instituto do Sono
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