Fisioterapeuta e Profissional de Educação Física potiguares comentam
Dar uma chance à atividade física sem tênis potencializa ou põe o treino em risco? A dúvida vem entrando em discussão após o período de lockdown que forçou várias pessoas a praticarem atividades físicas em casa, muitas vezes sem roupa própria para a academia e dispensando o uso do calçado.
A professora do curso de Fisioterapia da Universidade Potiguar (UnP), Jessica Medeiros, confirma que treinar descalço tem benefícios comprovados cientificamente, mas que é preciso cuidados, especialmente em atividades de alto impacto.
“O ato de pisar no chão descalço traz benefícios, pois ativa desde o sistema nervoso até alguns músculos que normalmente não entrariam na atividade, deixando o corpo mais autoconsciente e melhorando assim o seu equilíbrio e coordenação”, afirma a especialista.
Em uma caminhada leve sem o uso do amortecimento mecânico dos tênis, os passos são redefinidos para o ritmo padrão, colocando o amortecimento natural dos pés para “trabalhar”, ativando os músculos das pernas e do abdômen. Mas, segundo Jessica, é preciso cautela em atividades que forçam o desempenho, como corridas e saltos. “Nessas situações, os tênis absorvem impactos fortes e constantes, e ajudam até mesmo no desempenho de indivíduos ainda sem o condicionamento físico adequado”, avalia a Fisioterapeuta.
Sobre treinos mais intensos dentro das academias, quem dá opinião é Leandro Medeiros da Silva, professor do curso de Educação Física da UnP. O especialista confirma que existem benefícios comprovados pela ciência, mas ressalta que a escolha exige bom senso dos profissionais e praticantes de atividades físicas.
“Já foi comprovado que ao treinar descalço, o indivíduo consegue mais estabilidade física. Porém, tirar o calçado não vai fazer o desempenho melhorar imediatamente. Para fazer esse tipo de escolha, é importante procurar um profissional da área que possa observar e orientar o treinamento para evitar riscos de lesões”, ressalta.
Ainda de acordo com Leandro, os riscos são referentes à proteção que os tênis promovem. “Particularmente não recomendaria o treino descalço, pois, em algumas modalidades, o tênis cumpre mais do que o papel de absorção de impactos, conforto e prevenção de lesões. Em uma corrida, por exemplo, o uso de calçados oferece proteção externa para os pés”, conclui o Educador Físico.
Consenso
A opinião em comum entre a Fisioterapia e a Educação Física é que antes mesmo de tirar os calçados, o primeiro passo é atentar para os sinais que o corpo dá sobre a mudança. Para alguém que faz treinos de musculação ou corrida há muito tempo utilizando os tênis, é necessário sentir primeiro como é a experiência com práticas mais leves antes de colocar os pés para “trabalharem” de verdade.
Ainda precisam ser considerados padrões corporais de cada indivíduo. Em um treino descalço na academia, por exemplo, algumas pessoas podem acabar transpirando pelos pés, o que põe em risco o equilíbrio e até mesmo a segurança de quem lida com essa questão. Também tem o caso das chamadas “pisadas tortas”, que demandam um tênis com palmilha especial para corrigir o passo. Para particularidades como essas, o treino descalço não entra em questão.