Após mais de 1.600 casos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está colaborando com especialistas para adotar um novo nome para a varíola dos macacos, infecção viral que se espalhou por mais de 30 países, como o Brasil.
A iniciativa ocorre depois que mais de 30 cientistas escreveram na semana passada sobre a “necessidade urgente de um (nome para a doença e para o vírus) que não seja discriminatório nem estigmatizante”.
Para o grupo de pesquisadores, que sugeriu o nome hMPXV, há também diversas referências incorretas e discriminatórias ao vírus como sendo africano.
A doença matou 72 pessoas em países onde ela é considerada endêmica (presente numa região de forma permanente, com números constantes por vários anos), como áreas de floresta tropical na África Central e na África Ocidental.
Na República Democrática do Congo, onde há densas florestas, mais de 1,2 mil casos foram relatados somente este ano e 57 mortes registradas (até 1º de maio de 2022), segundo a OMS.
Mas até agora não há casos de mortes nos 32 países afetados recentemente pela doença, como Brasil (2 casos) e Reino Unido (470 casos).
A transmissão se dá principalmente quando alguém tem contato próximo com uma pessoa infectada. O vírus pode entrar no corpo por lesões da pele, pelo sistema respiratório ou pelos olhos, nariz e boca. Depois da infecção, leva-se geralmente de 5 a 21 dias para os sintomas surgirem, que geralmente são leves e desaparecem por conta própria em cerca de três semanas.
Emergência de saúde pública?
Com a disseminação da doença, a OMS também vai discutir neste mês se deve ou não classificá-la como uma “emergência de saúde pública de interesse internacional”, como se deu com H1N1 (2009), pólio (2014), zika (2016), ebola (2019) e covid (em janeiro de 2020).
“A epidemia de varíola dos macacos é incomum e preocupante. (…) Por isso, eu decidi convocar o comitê de emergência ligado a regulações internacionais de saúde na próxima semana para decidir se ela representa de fato uma emergência de saúde pública de interesse internacional”, afirmou o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Caso essa emergência seja declarada, o que ela muda na prática?
A OMS define oficialmente um estado de emergência como um “evento extraordinário que constitui um risco à saúde pública para outros Estados por meio da disseminação internacional de doenças e potencialmente exige uma resposta internacional coordenada”.
Em casos como o da covid-19, a recomendação passa a ser a de que autoridades de saúde do mundo inteiro aumentem seu monitoramento da doença e fiquem de prontidão para eventualmente adotar medidas de contenção.