Um estudo mostrou que gravações da retina podem identificar sinais diferentes para transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, conhecido como TDAH, e transtornos do espectro autista, ou TEA, fornecendo um biomarcador potencial para cada condição. A pesquisa foi publicada no periódico Frontiers in Neuroscience no dia 6 de junho.
Em um comunicado, o optometrista Paul Constable, um dos autores do estudo, disse que TEA e TDAH são os distúrbios do neurodesenvolvimento mais comuns diagnosticados na infância. Mas, como muitas vezes compartilham características semelhantes, fazer diagnósticos para ambas as condições pode ser demorado e complicado.
“Nossa pesquisa visa melhorar isso. Ao explorar como os sinais na retina reagem aos estímulos de luz, esperamos desenvolver diagnósticos mais precisos e precoces para diferentes condições de desenvolvimento neurológico”, disse Constable.
Como o estudo foi feito
Foram recrutadas 55 pessoas com TEA, 15 com TDAH e 156 como grupo controle.
Os pesquisadores analisaram os olhos dos voluntários por meio de eletrorretinogramas (um exame que mede a atividade elétrica da retina em resposta a um estímulo de luz). Também foram analisadas ondas de curta duração com energia e os potenciais oscilatórios.
Houve diferenças significativas entre os grupos de TEA e TDAH em relação aos participantes do controle, tanto em ondas específicas quanto para intensidades de flash maiores. Pessoas com TDAH apresentaram maior energia no eletrorretinograma geral, enquanto as com TEA mostraram menos energia no exame.
Pode se estender para outras condições do neurodesenvolvimento
De acordo com Constable, os sinais da retina têm nervos específicos que os geram. “Então, se pudermos identificar essas diferenças e localizá-las em vias específicas que usam diferentes sinais químicos que também são usados no cérebro, podemos mostrar diferenças distintas para crianças com TDAH e TEA e potencialmente outras condições do neurodesenvolvimento”, disse.
Fernando Marmolejo-Ramos, co-pesquisador e especialista em cognição humana e artificial, diz que a pesquisa tem potencial para se estender a outras condições neurológicas. “Em última análise, estamos analisando como os olhos podem nos ajudar a entender o cérebro”, disse.
No entanto, segundo os autores, mais trabalho será necessário para determinar se a análise do sinal da retina pode oferecer um modelo de classificação para condições de neurodesenvolvimento.