Uma revisão de vários estudos conclui que há pouca ou nenhuma evidência de que suplementos vitamínicos sejam úteis para evitar doenças cardíacas, câncer ou diminuir o risco de morte. Os dados foram publicados esta semana no periódico Jama, da Associação Médica Americana.
O relatório, divulgado pela Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA, afirma que “as evidências atuais são insuficientes” para determinar se vitaminas e suplementos realmente ajudam ou prejudicam sua saúde. A análise contou com 84 estudos, sendo que 52 deles foram feitos desde a força-tarefa anterior, de 2014. As vitaminas e suplementos examinados incluem as vitaminas A, B, C, D e E, bem como cálcio, magnésio, betacaroteno, ácido fólico, selênio, zinco e outros multivitamínicos.
“Nossa recomendação não é nem a favor nem contra a ingestão de vitaminas, minerais ou combinações desses nutrientes. Simplesmente não temos evidências suficientes”, diz John Wong, clínico geral do Departamento de Medicina do Tufts Medical Center, envolvido no relatório, em entrevista ao USA Today.
Um dos suplementos, o beta-caroteno, foi considerado até mais prejudicial do que benéfico à saúde. Seu uso na verdade aumentou os riscos de câncer de pulmão e de morte. A força-tarefa também se manifesta “especificamente contra o uso” da vitamina E porque o suplemento provavelmente não traz benefícios à saúde.
Bilhões jogados no lixo
Mais da metade (ou 52%) dos norte-americanos contam que tomam pelo menos um suplemento dietético e quase um terço (31%) diz que usa um suplemento com múltiplas vitaminas e minerais. A pesquisa também revela que eles gastaram quase US$ 50 bilhões em suplementos alimentares em 2021.
O endocrinologista Bruno Halpern, que comentou sobre o estudo no Instagram, comenta que no Brasil também existe a febre dos multivitamínicos. “A ideia é reforçar que a adequação dessas substâncias deve vir de um padrão de alimentação saudável, rico em frutas, legumes e verduras e que o uso farmacológico dessas vitaminas não tem o mesmo efeito”, esclarece o médico, que é integrante da World Obesity Federation, que reúne estudiosos da obesidade no mundo todo. Ele encerra o post com um conselho:
“Nunca use nada sem saber por que está usando e qual a evidência do seu uso! E não se automedique. Sua saúde e sua carteira agradecem! ”