O açaí é o fruto da palmeira Euterpe oleracea Martius, vulgarmente conhecida no Brasil e na região amazônica como açaizeiro. É nativo do estuário do Rio Amazonas, encontrado nas matas de terra-firme, igapó e áreas de várzea. A palavra açaí vem do tupi “ia-cai” e significa “fruta que chora”. O fruto do açaizeiro tem uma forma globulosa arredondada e é composto por caroço e polpa, com diâmetro de 1 cm a 2 cm.
A polpa pura do fruto representa 5% a 15% de seu volume, é extraída sem adição de água, por meios mecânicos e sem filtração. Também apresenta elevado valor energético por conter lipídios, como ômega 6 e 9. Rico em carboidratos, proteínas e minerais, como magnésio, potássio, vitaminas (E, C, B12 e B2), o açaí é ainda uma excelente fonte de fibras. “Flavonoides chamados antocianinas são responsáveis por sua coloração. Com grande poder antioxidante, é um dos compostos bioativos que conferem funcionalidade ao alimento”, afirma a nutróloga Marcella Garcez.
Ela enfatiza que a polpa faz parte do hábito alimentar da população da região Norte do país: “Porém, nos últimos, anos ocorreu uma crescente demanda em nível nacional, atendendo a um público-alvo específico, os jovens, atraídos pelas propriedades calóricas, medicinais e nutrológicas do fruto”,
O açaí, por si só, já é considerado um superalimento, por conter diversos componentes que só trazem benefícios para a saúde. Quando atrelado a acompanhamentos saudáveis, ricos em boas gorduras, fibras, vitaminas, antioxidantes, agrega ainda mais valor. E, quando consumido em quantidades adequadas a cada organismo, é um ótimo aliado do emagrecimento. A polpa em si não é calórica, possui em média 60 Kcal a cada 100 g, ou seja, é um fruto de baixa caloria e, por possuir bastante fibra, torna-se um alimento de baixo índice glicêmico.
“Existem acompanhamentos que são ricos em açúcar e com alto índice glicêmico, como leite condensado ou em pó, nutella e confeitos que, quando consumidos em excesso, podem trazer uns quilos a mais e o aumento da insulina. Os doces são carboidratos calóricos que têm a função de dar energia, no entanto, quando consumido em excesso, ou seja, a mais do que o organismo precisa, é revertido em tecido adiposo, aumentando o peso corporal, além de levar outros tipos de doenças graves”, afirma Andréa Takayama, nutricionista da Oakberry.
Alto valor energético
Andréa lembra que a fruta tem valor nutricional altamente energético, pois contém altos valores em lipídios (ácidos graxos monoinsaturados e poli-insaturados) e carboidratos, além de ser rico em fibras, vitaminas, minerais e compostos antioxidantes. Apesar do alto teor de gordura, trata-se, em grande parte, de monoinsaturadas e poli-insaturadas que são benéficas e auxiliam na redução do colesterol ruim, LDL, e melhoram o HDL, contribuindo na prevenção de doenças cardiovasculares e até mesmo na obesidade, problemas de memória e fraqueza física.
A nutricionista também aponta que o açaí é um alimento rico em fibras, cujo consumo em dietas, por exemplo, tem um impacto positivo sobre o peso corpóreo por proporcionar a sensação de saciedade após a ingestão. Além disso, ajuda no trânsito intestinal promovendo um sistema digestivo saudável, promove a redução do índice glicêmico e normaliza as concentrações de lipídios sanguíneos.
Marcella acrescenta que o açaí constitui uma excelente contribuição ao valor recomendado de ácidos graxos, vitamina E, manganês, cobre, boro, cromo e antocianinas. E fornece também boas quantidades de proteínas, cálcio, magnésio, potássio e níquel. Mas é pobre açúcares totais, fósforo, sódio, zinco e ferro.
“O açaí não é uma fonte energética de rápida disponibilidade e, ao contrário de mitos estabelecidos, pode a priori ser oferecido aos diabéticos. Sua concentração em fibras alimentares totais é muito relevante por apresentar 25,22% da matéria seca, ou seja, 100 g de polpa de açaí pura oferece 3,1 g de fibras alimentares totais, aproximadamente 10% das recomendações diárias. Com essas características, o açaí pode ser considerado um dos frutos mais nutritivos da flora amazônica”, aponta Marcella.
Muitos antioxidantes
O açaí possui, ainda, alto teor de polifenóis, que o torna um dos cinco frutos com maior potencial antioxidante no Brasil, enfatiza Andréa. Já a antocianina, como dito anteriormente, é o pigmento antioxidante que dá a cor vermelha arroxeada no açaí. “Os antioxidantes atuam contra os radicais livres, envolvidos na destruição das células sadias no organismo, ou seja, danos no DNA, desencadeando o envelhecimento precoce e doenças”. Além disso, a nutricionista também cita benefícios de outros nutrientes presentes na fruta:
- Cálcio: fundamental para formação de ossos e dentes;
- Magnésio: presente em várias partes do corpo, como ossos, músculos, tecidos e fluidos, e tem importante função no nosso organismo, como a contração muscular;
- Potássio: é um dos minerais mais importantes no nosso organismo, é encontrado dentro da célula, sendo essencial para o funcionamento do sistema nervoso e dos músculos, como o coração.
Marcella lembra que a polpa de açaí é encontrada em várias concentrações, as principais são:
-Açaí grosso ou tipo A: é a polpa extraída com adição de água e filtração, apresentando acima de 14% de sólidos totais e uma aparência muito densa.
-Açaí médio ou tipo B: é a polpa extraída com adição de água e filtração, apresentando acima de 11 a 13,9% de sólidos totais e uma aparência densa.
-Açaí fino ou tipo C: é a polpa extraída com adição de água e filtração, apresentando de 8 a 10,9% de sólidos totais e uma aparência pouco densa.
Combinações ideais
A seguir, Andréa lista nutrientes benéficos à saúde que podem ser agregados ao açaí:
Aveia: cereal que fornece aporte energético e nutricional equilibrado, por conter em sua composição aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas e sais minerais indispensáveis ao organismo humano e, principalmente, fibras alimentares. As fibras solúveis presentes em cereais integrais como a aveia aumentam a viscosidade do bolo alimentar, retardando o esvaziamento gástrico e prolongando a sensação de saciedade. Outra importante propriedade da aveia e das fibras solúveis que merece destaque é a capacidade em intervir positivamente na resposta glicêmica e nos níveis de insulina.
Chia: é uma semente antiga utilizada pelos maias e astecas como alimento para aumentar a resistência física, fonte natural de ácidos graxos ômega-3, fibras e proteínas, além de outros componentes nutricionais importantes, como os antioxidantes. Ideal para o enriquecimento dos produtos, pois a chia tem um alto valor nutricional e não compromete o sabor dos alimentos. A fibra é um componente encontrado com abundância na chia que, quando associada à água, tem grande habilidade de absorção, ocorrendo uma gelatinização que aumenta o volume fecal e induz os movimentos peristálticos, prevenindo a constipação e o câncer de cólon, além de aumentar a saciedade, sendo um grande aliado ao emagrecimento.
Castanha-de-caju: é uma das oleaginosas, sementes ricas de óleo, envolvidas por uma casca rígida e que podem ser consumidas in natura. Possui alto teor de gordura boa, e é fonte de vitaminas e minerais, que colaboram para o bom funcionamento do organismo. As gorduras poli-insaturadas da castanha reduzem os níveis de LDL (colesterol ruim) e elevam as taxas de HDL (colesterol bom). Ela ainda conta com um aminoácido chamado arginina, que melhora o desempenho durante a prática de atividades físicas e a capacidade de recuperação no pós-treino.
Coco em lasca: coco é um fruto funcional, rico em nutrientes que contribui bastante para o bom funcionamento do nosso organismo, sendo que a versão seca é uma fonte de fibras muito importante. Sua ingestão pode auxiliar no funcionamento do intestino, além de dar sensação de saciedade, e o alto teor de vitaminas e minerais ajuda no equilíbrio imunológico, além de ter potencial antioxidante. Possui ácidos láurico, cáprico e caprílico, responsáveis por prevenir doenças por terem propriedades antibacterianas, antifúngicas e antivirais. Também é rico em triptofano, aminoácido responsável por produzir o hormônio do bem-estar.