Meu nome é José Daladier, tenho 52 anos e sou bancário aposentado. Comecei a
praticar corrida de rua em 2014 e, dois anos depois, me tornei maratonista. Já fiz 12
provas de 42 km e uma ultramaratona de 50 km.
No dia 23 de junho de 2019, participei e concluí a Maratona 42k de Floripa. Sim, passei
pelo pórtico e cruzei a linha de chegada. Deveria ter sido um momento de alegria e
emoção. Entretanto, após correr os 42 km, o que me veio foi o silêncio e a escuridão.
Meu coração parou e minha consciência entrou em processo de stand by e fiquei em
coma por três longos dias. Dias de angústia e aflição, principalmente para minha esposa
Luciana e para meu filho Giovanni, que estavam comigo, bem como para familiares e
amigos que acompanhara o drama.
Naquele dia, a última ação que minha memória tem registro foi quando apertei o botão
de stop do relógio GPS. Não apenas desliguei o relógio. Foi como se tivesse desligado a
mim mesmo. Não, não percebi que estaria entre a vida e a morte. Não senti dores, não
senti calafrios, não senti falta de ar. Foi simplesmente como se tivesse acionado um
botão off.
Faço registrar que tenho plena e absoluta convicção de que fui salvo pela bondade de
Deus: “eu sou um caso de milagre”. A providência divina me colocou no momento
certo, na hora certa, no local certo e nas mãos das pessoas certas. Inicialmente, fui
atendido pelos socorristas que cobriam a prova. Eles não se cansaram. Lutaram para que
o pior não acontecesse. Não deixaram que o atleta de nº 8459 falecesse ali nos braços
deles, durante uma parada cardiopulmonar de 15 minutos.
Fui conduzido para o Hospital Público Regional, onde recebi os primeiros cuidados, e,
por conseguinte, transferido para a UTI do Hospital Imperial da Caridade, onde recebi o
melhor tratamento que poderia ter. Lá, fui submetido a uma cirurgia de
revascularização. Digo que os anjos foram muitos: cirurgiões, médicos, enfermeiros,
técnicos e pessoas que lá conheci. Novas amizades surgiram, novas portas se abriram.
É aquela história que certamente você já ouviu: “a vida é um sopro”. É assim que avalio
a situação. “Não somos nada daqui a um minuto, porque o futuro não nos pertence”.
Mas, o que foi que eu aprendi? Que a vida precisa ser valorizada e vivida a cada
instante. Ter qualidade de vida depende, principalmente, de como encaramos nossos
problemas e de como buscamos a felicidade. Seja feliz; busque plenitude nas coisas;
questionemo-nos qual o sentido de nossas vidas. Então, paremos de colocar defeito nas
coisas e nas pessoas. Para tantas intempéries que o mundo nos traz, eu aconselho que
você reze; valorize os seus; pratique uma atividade física para buscar qualidade de vida.
Gostaria de concluir esse texto falando de esporte. Algumas pessoas falaram: “Daladier
ia morrendo porque estava correndo uma maratona”. Pois, eu lhes digo: “a prática da
corrida de rua foi que me salvou”. Do contrário, muito provavelmente eu não teria
conseguido passar por tudo isso, sem dano cerebral, sem sequelas. Nesse aspecto, meu
histórico como atleta e meu condicionamento físico foram fundamentais para a
salvaguarda de um bem tão precioso: a saúde.
Finalmente, agradeço a todos pelo carinho e consideração, pelas orações, pelos
pensamentos e mensagens positivas de apoio. Espero, o mais breve possível, retornar às
pistas de corridas… porque o corpo pede e a saúde agradece.
José Daladier
Bancário aposentado e maratonista
@daladier_monteiro