Alergia x Covid-19: Orientações para pacientes alérgicos durante a pandemia


Durante o inverno, algumas alergias e doenças respiratórias surgem com mais frequência por causa do clima úmido e frio.  A asma, que atinge entre 10% e 25% da população brasileira, e a rinite, que segundo estudo ISAAC (International Study of Asthma and Allergies in Chidhood) compromete cerca de 26% crianças e 30% dos adolescentes, são as mais prevalentes.

Durante a pandemia de Covid-19, os especialistas alertam para a importância de manter a doença alérgica controlada. Conversamos sobre esse tema com a Dra. Simone Diniz, alergologista e imunologista que trouxe orientações para pacientes alérgicos. 

Dra. Simone Diniz, alergologista e imunologista (foto: Roberta Dijon)

O paciente alérgico é mais suscetível a Covid-19?

Não,o paciente alérgico não é mais suscetível que a população em geral. Porém, é necessário que a alergia esteja bem controlada,não só para evitar complicações como para facilitar no diagnóstico diferencial, já que alguns sintomas se confundem com a Covid-19. Nosso alerta é, principalmente, para o grupo dos asmáticos. Por isso é tão importante buscar o especialista para orientar a terapêutica adequada ,assim como manter o tratamento instituído caso venha ter a Covid 19. 

Os sintomas respiratórios da Covid-19 assemelham-se aos da rinite e da asma? Como diferenciar? 

Sim. Na rinite alérgica sintomas como espirros, coriza ,prurido e obstrução nasal são bem característicos e recorrentes , principalmente nessa época do ano. Na Covid-19,há o predomínio de coriza ,poucos espirros e em geral vem acompanhado de febre ,tosse ,dores pelo corpo. . Um sintoma bem frequente na Covid 19 é a diminuição ou perda do olfato ,que pode durar de dias a semanas. Já na asma, os sintomas que mais se assemelham ao quadro clínico da Covid seriam a tosse seca persistente acompanhada ou não de dispnéia (falta de ar).Porém se o paciente asmático tiver com sua doença bem controlada ,não irá agudizar o quadro subitamente ,além de na Covid existir a presença de outros sintomas. 

Nessa época do ano ocorre o aumento das doenças respiratórias e alérgicas. Como proceder?

Continuar com o tratamento de manutenção das doenças alérgicas ,além das medidas preventivas como controle do ambiente ,que consiste em evitar a exposição a alérgenos ambientais como poeira ,ácaros ,fungos etc, assim como está em dia com o calendário vacinal ( gripe e pneumonia). Com a retomada da economia e consequentemente das atividades ,sugiro manter as medidas preventivas orientadas pela OMS e Ministério da Saúde . 

VBR – A Covid-19 pode provocar lesões na pele? Quais são as mais comuns? 

SD: Pode sim. Essa doença pode acometer vários orgãos e a pele também, 20% dos pacientes que têm Covid apresentam manifestações cutâneas. A mais comum é o exantema, que acontecem também em algumas infecções virais como sarampo, rubeola,dengue entre outras. Alguns pacientes abrem o quadro da Covid com urticária. Os pacientes mais graves podem apresentar outros tipos de lesões. 

A Covid-19 pode piorar a dermatite de contato ou a dermatite atópica? 

A Covid não piora a dermatite de contato ou atópica, mas a prevenção sim. Estamos tomando mais banho, lavando mais as mãos, utilizando álcool em gel, o que tira a barreira cutânea, altera a proteção e agrava mais o problema. Então, para evitar que isso ocorra devemos manter as medidas preventivas de higiene ,, mas não de maneira excessiva. Prefira produtos menos irritantes para a pele e mantenha a hidratação.

O que podemos fazer para melhorar o sistema imunológico?

Nós temos 2 tipos de imunidade: a inata, que já nascemos com ela, e a adaptativa que vamos adquirindo com as doenças ou com as vacinas.Existem dois fatores que são responsáveis pela imunidade inata: a genética e fatores externos.

Existe um grupo de indivíduos que apresentam alteração no sistema imunológico nos primeiros anos de vida ou ao longo da vida como nos casos das imunodeficiências primárias ou erros inatos da imunidade. Esses pacientes devem seguir a orientação dos médicos que os acompanham e não devem interromper o tratamento.

O paciente alérgico tende a achar que tem a imunidade baixa,mas isso não acontece. O que ocorre é que quando o paciente não está com a doença controlada, fica mais suscetível a infecções.

Para fortalecer nosso sistema imunológico precisamos de bons hábitos. Detalhes como alimentação saudável, sono de qualidade, atividade física, controle do estresse são fatores que contribuem para um bom desempenho do sistema imunológico.

Vamos manter o bom ânimo, a fé e a esperança. Tudo isso vai passar, mas precisamos fazer a nossa parte .Cientistas do mundo inteiro estão mobilizados na produção de uma vacina e eu fico muito feliz pelas parcerias desses laboratórios com a Fiocruz e o Instituto Butantã ,onde encontramos profissionais com grande expertise e laboratórios de excelência.

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