Formulação monovalente amplia resposta contra linhagens mais recentes da Ômicron, como a JN.1
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta terça-feira, a versão atualizada da vacina para a Covid-19 da Pfizer/BioNTech para a variante XBB 1.15, uma das linhagens da Ômicron. O imunizante foi autorizado para todos a partir de 6 meses de idade como uma aplicação única de reforço, seja qual for o estágio de vacinação anterior, no período de ao menos três meses após a última dose.
O órgão também deu o sinal verde para que a nova vacina seja utilizada como início do esquema vacinal por aqueles que ainda não buscaram a proteção. Porém, nesse caso, há uma diferença a depender da faixa etária.
Para as crianças de 6 meses a 5 anos, a vacinação ainda precisa ter início com três doses. As duas primeiras devem ser aplicadas com um intervalo de três semanas entre elas, e a última no período de oito semanas após a segunda dose. Já para aqueles acima de 5 anos, o esquema primário de imunização pode ser feito com uma aplicação única da nova vacina.
Segundo a autarquia, o aval foi concedido após a Pfizer apresentar “provas e dados complementares demonstrando que a qualidade, a segurança e a eficácia da vacina monovalente atualizada não sofreram impacto no processo de atualização para a variante XBB 1.15”. A Anvisa analisa ainda um segundo pedido de um imunizante adaptado para a linhagem, feito pela Moderna.
Outros países, como Estados Unidos e Reino Unido, também deram o sinal verde para a dose atualizada para a XBB.1.5. Nos testes, a vacina induziu uma maior produção de anticorpos contra as linhagens mais recentes do vírus quando comparada à versão bivalente, que contém metade da formulação direcionada para cepa ancestral do coronavirus e a outra metade para as variantes BA.4/BA.5 da Ômicron, que circulavam em 2022.
A atualização do imunizante para a XBB.1.5 seguiu as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que em maio orientou que as fabricantes deixassem de incluir a cepa ancestral, de 2019, na composição, e passassem a produzir versões monovalentes, ou seja, direcionada apenas para uma variante, a XBB.1.5.
Vacinação no Brasil
No Brasil, a proteção contra a Covid-19 foi incluída no Calendário Nacional de Vacinação para grupos prioritários semelhantes aos da gripe, como crianças de até 5 anos, idosos, gestantes e imunossuprimidos. Para os bebês, não será oferecida uma nova dose em 2024: a campanha focará em iniciar o esquema vacinal nos muitos que continuam desprotegidos. Para os demais, será ofertado um novo reforço.
No entanto, no início deste mês, o Ministério da Saúde decidiu antecipar uma nova dose para idosos a partir de 60 anos e pessoas imunocomprometidos acima de 12 anos, que tenham recebido a última dose ao menos seis meses antes. O motivo foi a identificação das novas linhagens JN.1 e JN.3 no Brasil após um aumento de casos no Ceará. Em outros países, as cepas da Ômicron também provocaram uma subida no número de novos diagnósticos.
“É bastante possível que essa variante também possa já estar circulando em outros locais do país. Agora no fim do ano observa-se que a mobilidade da população, aliada à alta transmissibilidade do vírus, pode causar aumento de casos e ondas nos períodos seguintes. Ainda considerando que a população de maior risco para os agravos da doença se vacinou na campanha do início do ano, estamos recomendando que a população idosa (a partir dos 60 anos) e imunocomprometida (a partir dos 12 anos) receba mais uma dose da bivalente”, disse a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Ethel Maciel, em publicação no X (antigo Twitter).
Esse reforço disponível agora nos postos de saúde para os dois grupos é ainda com a dose bivalente, já que a versão atualizada para a XBB.1.5 nem mesmo havia sido autorizada pela Anvisa na época da decisão. A secretária chegou a dizer no dia que aguardava a avaliação do órgão “agilizando a documentação para, num parecer favorável da agência, trazermos ela para o país”.
O ministério também disse em nota, no início do mês, que “já está em andamento a aquisição de vacinas para o calendário do próximo ano” e que “o novo contrato prevê o fornecimento das versões mais atualizadas dos imunizantes, desde que aprovadas pela Anvisa”. Portanto, a expectativa é de que a campanha de 2024 seja feita com a vacina atualizada para a XBB.1.5.
Jornal O Globo