Mudar narrativas, tornar-se defensivo e adicionar detalhes dramáticos às histórias podem ser hábitos de um mentiroso patológico. Mas não sempre. A mentira patológica – também conhecida como pseudologia fantástica, mitomania e mentira mórbida – é um padrão compulsivo de dizer às pessoas coisas que você sabe que não são verdadeiras.
Mentir persistentemente pode ser um desejo tão forte que é difícil de superar, de modo semelhante aos rituais para pessoas que sofrem com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). A mentira patológica é um conceito estabelecido e controverso na psicologia, embora não apareça como um diagnóstico isolado na 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR), que é referência nos EUA.
Em ambientes clínicos, a mentira patológica pode ser considerada uma ocorrência situacional ou um sintoma de uma condição de saúde mental. Mas, com pesquisas limitadas, os especialistas geralmente exploram o impulso de mentir no contexto de outros padrões de pensamento e comportamento.
A mentira ocasional é considerada patológica?
Não, a maioria das pessoas mente de vez em quando e isso não é um indicador de patologia. Patológico significa que o comportamento pode estar relacionado ou causado por um problema de saúde. Se mentir e embelezar a realidade são ocorrências regulares e difíceis de se controlar, o comportamento pode ser considerado patológico, mas o contexto é importante para a confirmação. Um estudo de 2020 chegou a quantificar a mentira patológica: seria contar cinco ou mais mentiras em um período de 24 horas, todos os dias, por mais de seis meses.
Sinais de um mentiroso patológico
Se você tem um padrão de mentira patológica, pode:
- mentir indiscriminadamente sobre uma ampla gama de tópicos;
- contar inverdades sobre eventos menores;
- sentir-se implacável pelo medo de ser pego;
- sair rapidamente de perto dos outros quando se safar de ter mentido;
- continuar a mentir mesmo quando confrontado com a verdade.
- Um sinal é quando alguém conta consistentemente histórias sobre eventos extremos, anormais ou improváveis em que esteve envolvido. Como, por exemplo, fazer amizade com celebridades, testemunhar um sequestro, ganhar um prêmio importante ou perder ambos os pais durante a infância.
- Você pode estar falando com um mentiroso patológico se perceber:
- detalhes extensos e não solicitados;
- narrativas coloridas, fantásticas e dramáticas;
- mudanças repetidas na história;
- sinais de ansiedade ao falar;
- defensiva quando confrontado;
- esquivar-se de perguntas ou fornecer respostas vagas;
- sua lembrança de eventos é diferente da deles;
- eles “falam por falar”, palavras e ações são incongruentes;
- eles recontam uma história que aconteceu com você e a passam como se fosse deles;
- seu instinto lhe diz que algo está errado com as histórias.
Um estudo relatou que cerca de 13% das pessoas se identificaram como mentirosos patológicos.
O que causa a mentira patológica?
A causa da mentira patológica não é bem estabelecida, pois os estudos são limitados. Pesquisadores ainda estão tentando determinar se o cérebro de um mentiroso patológico seria diferente de um ‘mentiroso normal’. Algumas condições de saúde mental podem estar associadas a padrões de mentira patológica, como:
–Transtorno de personalidade antissocial: pode mentir por status, para obter recursos ou simpatia.
–Transtorno de personalidade borderline: pode mentir para evitar rejeição ou abandono.
–Transtorno factício ou síndrome de Munchausen por procuração: pode mentir para parecer doente ou fazer alguém sob seus cuidados parecer doente.
–Transtorno de personalidade narcisista: pode tender a mentir para obter algo de outra pessoa, preservar um falso senso de si mesmo, sair de problemas ou reforçar a percepção dos outros sobre eles.DOUTOR JAIRO/UOL