Autismo: transtorno pode ser detectado no útero, sugere estudo de Harvard


Pesquisa identificou que o feto tem a região cerebral do lobo insular aumentada

O autismo ainda é um enigma para a medicina. Sabe-se que o transtorno tem influência genética e ambiental, e resulta na comunicação entrecortada entre os neurônios. Não há cura, mas quanto antes for identificada, melhor. Mesmo assim, em geral, o diagnóstico é feito a partir dos 18 meses de idade. Mas os resultados de um novo estudo podem mudar isso. Realizado por pesquisadores de Harvard, o estudo que será apresentado nesta quarta-feira, na reunião anual da Associação Americana de Anatomia, na Filadélfia, sugere que um lobo insular aumentado é “forte biomarcador para o transtorno.

Para chegar a essa conclusão, a equipe da Escola de Medicina da Harvard analisou retrospectivamente exames cerebrais de 39 bebês, feitos ainda no útero, seis meses após a concepção. Nove deles foram diagnosticados com autismo posteriormente, 20 não tiveram problemas de desenvolvimento e outros dez não tinham autismo, mas apresentavam outras condições subjacentes que eram comuns aos participantes autistas.

— Até onde sabemos, esta é a primeira tentativa de segmentar semiautomaticamente as regiões do cérebro no estágio pré-natal em pacientes diagnosticados com autismo e comparar com diferentes grupos de controles —  disse Alpen Ortug, principal pesquisadora do estudo.

Os resultados mostraram que esses bebês tinham um lobo insular “significativamente maior” que os outros grupos. Essa área do cérebro é responsável por supervisionar o comportamento social e a tomada de decisões, duas coisas com as quais as pessoas autistas têm dificuldade.

As crianças com autismo também tinham uma amígdala maior, região que processa emoções e memórias associadas ao medo, e comissura hipocampal aumentada, necessária para memória e aprendizado, em comparação com crianças sem o transtorno.

De acordo com os pesquisadores, essas descobertas se alinham com outros estudos recentes, que detectaram diferenças em algumas dessas partes do cérebro de adultos com autismo.

Atualmente, o diagnóstico do autismo ocorre, no mínimo, aos 18 meses de idade. A identificação da doença é principalmente clínica. Por isso, exames complementares, que ajudem a fazer esse diagnóstico de forma mais precoce e precisa, são bem-vindos. Embora não haja cura, a identificação da doença ajuda os pais a entenderem as necessidades de seus filhos, obter apoio na escola e melhora o desenvolvimento da criança.

Para Ortug, estudos que buscam identificar os primeiros sinais de anormalidades cerebrais em pacientes com autismo, de forma retrospectiva, são importantes para entender os “muitos fatores genéticos e ambientais que podem estar por trás disso”.

— A detecção precoce significa um melhor tratamento — disse a pesquisadora.

JORNAL O GLOGO

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