Microbiota das pessoas que se encontram na fase pré-sintomática de demência é diferente da de indivíduos saudáveis.
Pessoas nos estágios iniciais da Doença de Alzheimer – quando o cérebro já sofreu alterações, mas os sintomas ainda não se manifestaram – apresentam um conjunto de bactérias nos intestinos que difere das normalmente presentes em indivíduos saudáveis. Essa é conclusão do estudo de pesquisadores da faculdade de medicina da Washington University em St. Louis, publicado no meio do mês na revista “Science Translational Medicine”. O trabalho sugere que a análise da microbiota (ou microbioma) pode ser uma ferramenta importante para adotar medidas preventivas que detenham o avanço da enfermidade.
Os cientistas já sabiam que a microbiota em pacientes com Alzheimer apresentava modificações se comparada com a de pessoas saudáveis da mesma idade. No entanto, o período pré-sintomático ainda não havia sido analisado. Trata-se de uma fase que pode durar duas décadas e, apesar do progressivo acúmulo de placas de proteína beta-amiloide, não há sinais de declínio cognitivo.
Os 164 participantes do estudo forneceram amostras de sangue, fezes e líquido cefalorraquidiano, que banha o sistema nervoso central. Também mantiveram um diário de sua alimentação e se submeteram a ressonância magnética e Pet-Ct neurológico, que combina duas técnicas para a captação de imagens de alta resolução. Os exames revelaram que 49, embora sem sintomas, se encontravam no estágio inicial da doença. Era flagrante a diferença na composição da microbiota dos dois grupos.
Mais um estudo, divulgado recentemente na revista “Neurology”, mostra que pacientes com doença inflamatória intestinal – como Doença de Crohn, colite ulcerativa e outros tipos de colites – têm um risco aumentado em 13% de sofrer um acidente vascular cerebral, num prazo de 25 anos depois do diagnóstico. O levantamento contou com 85 mil participantes com doença inflamatória intestinal confirmada através de biópsia. Para cada um deles, havia cinco pessoas saudáveis, do mesmo sexo e ano de nascimento. No total, o universo pesquisado era composto por quase 407 mil indivíduos. No acompanhamento realizado durante 12 anos, a taxa de pacientes com a enfermidade que tiveram derrame ficou em 32,6 em cada 10 mil; entre os sem, foi de 27,7 em 10 mil.
G1