Médica alerta que cirurgias plásticas no nariz, quando feitas sem considerar a anatomia funcional, podem causar sérios problemas respiratórios
O desejo por um nariz mais harmonioso com o rosto leva milhares de brasileiros todos os anos às salas de cirurgia plástica. Mas o que muitos pacientes não sabem é que modificar a forma do nariz sem considerar sua função pode trazer consequências indesejadas — e, em alguns casos, permanentes.
“Uma rinoplastia feita com foco apenas estético, sem respeitar as estruturas internas do nariz, pode prejudicar a respiração do paciente”, afirma a Dra. Leila Tamiso, otorrinolaringologista e especialista em estética nasal do Hospital Paulista – referência nacional em saúde de ouvido, nariz e garganta.
Estética versus função: um equilíbrio delicado
O Brasil é líder mundial em cirurgias plásticas, com mais de 3,3 milhões de procedimentos realizados em 2023, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). Dentro desse universo, a rinoplastia ocupa posição de destaque, figurando entre mais procuradas.
Embora os avanços técnicos tenham tornado os procedimentos mais seguros e precisos, o risco de comprometer a funcionalidade nasal ainda existe — especialmente quando o procedimento não é realizado por um especialista que compreende profundamente a anatomia e a fisiologia nasal.
Segundo a Dra. Leila, situações como a redução exagerada das narinas ou do dorso nasal podem enfraquecer as válvulas nasais, estruturas essenciais para manter a passagem de ar livre durante a respiração. “O paciente pode sair da cirurgia com um nariz mais bonito, mas com sensação de nariz entupido, necessitando de uma nova intervenção para corrigir o problema”, explica.
Diagnóstico é parte da cirurgia
Antes de pensar em bisturi, é fundamental avaliar a saúde respiratória do paciente. Exames como a rinomanometria, a endoscopia nasal e, em alguns casos, tomografias dos seios da face, ajudam a identificar problemas que podem ser agravados por uma rinoplastia mal planejada. “Uma cirurgia bem-sucedida é aquela que une o resultado estético ao funcional”, reforça a médica.
Antes de operar, pergunte. E muito.
A médica alerta que, antes de qualquer cirurgia, o paciente deve se informar. Perguntar sobre a formação do profissional, solicitar fotos de casos anteriores, e garantir que haverá uma avaliação respiratória completa são atitudes essenciais. “Respirar bem e gostar da própria imagem no espelho não são objetivos incompatíveis. Com a abordagem certa, os dois podem — e devem — andar juntos”, conclui.