O isolamento social, a crise econômica, o desemprego e o medo da contaminação pelo novo coronavírus trouxeram impactos à saúde mental de muitas pessoas, aumentando o risco de ocorrência de transtornos de ansiedade. Em 2020, os brasileiros procuraram na internet sobre o tema três vezes mais do que a média dos últimos 16 anos, segundo o Google, principal ferramenta de busca. Quando comparado ao semestre anterior, a pesquisa por respostas para a pergunta “como é ter crise de ansiedade” teve uma alta superior a 5.000% entre janeiro e julho.
Já segundo levantamento feito pela empresa de pesquisas Ipsos, 41% dos brasileiros declararam sentir ansiedade, de acordo com sondagem dentro do contexto da pandemia.
O psiquiatra Vinicius Guapo – um dos idealizadores do PQU Podcast – iniciativa voltada aos psiquiatras em formação – explica que no atual período, o sentimento de angústia é compreensível e, embora não signifique necessariamente a presença de uma doença psiquiátrica, é um sinal de alerta. “A ansiedade é um sentimento comum ao ser humano. Desde a infância nos sentimos ansiosos por algo que está por vir e assim é em outras fases da vida, como quando vamos fazer uma viagem ou uma entrevista de emprego, por exemplo, mas quando a ansiedade é acompanhada de outros sintomas e, principalmente, quando os mecanismos de controle deixam de funcionar, transforma-se em problema”, fala o especialista.
Entre os sintomas de uma crise de ansiedade estão falta de ar, palpitações, dor de cabeça, suor excessivo, boca seca, dores musculares ou tremores e tontura. “O nosso equilíbrio emocional e sua relação com o funcionamento corporal é dinâmico e atentar-se a estes sinais é importante para buscar ajuda profissional”, salienta.
Algumas ações podem contribuir para o equilíbrio emocional e mental. Guapo ressalta que é importante manter uma rotina. “Procure estabelecer horários fixos para dormir, acordar, alimentar-se, descansar, fazer exercícios físicos e outras atividades que você queira incluir no seu dia a dia”, fala. “Valorize o que te dá prazer e traga sentido para o seu dia a dia, como ouvir música, dançar, fazer algum trabalho artesanal, cozinhar e meditar, por exemplo. Mantenha contato com as pessoas queridas, por mensagens, telefonemas ou videochamadas. Isso também ajuda a promover a sensação de proximidade, mesmo que as pessoas estejam fisicamente afastadas”, completa.
E para quem convive com alguém que esteja enfrentando crises de ansiedade, Guapo explica como ajudar. “Demonstre empatia, dê atenção, mostre que aquela pessoa não está só, isso é muito importante”.