ButanVac: 2ª fase do estudo da vacina 100% brasileira contra Covid sofre com falta de voluntários


Expectativa do Instituto Butantan é de preencher 400 vagas até agosto, mas até agora apenas 70 pessoas se candidataram. Na 1ª fase, estudos mostraram que o imunizante é seguro e induz a produção de anticorpos contra o coronavírus.

 

Por falta de voluntários, o Instituto Butantan fez um novo chamado para que adultos participem da segunda fase dos estudos da ButanVac, uma das vacinas contra a Covid-19 que são desenvolvidas no Brasil.

Na primeira fase, os estudos mostraram que o imunizante é seguro e induz a produção de anticorpos contra o coronavírus.

A expectativa do Butantan é de preencher 400 vagas para a pesquisa até agosto. No entanto, até agora somente 70 pessoas se voluntariaram.

Diferente da primeira fase, quando era testada a eficácia do imunizante em que ainda não tinha sido vacinado contra a Covid-19, agora o estudo quer comprovar que a ButanVac gera anticorpos mesmo em quem já se vacinou.

“Pessoas têm que ser vacinadas, no mínimo, quatro meses desde a última dose. A gente compara os títulos de anticorpos do voluntário com ele mesmo. Então, a gente testa antes dele ser vacinado e esse é ponto de partida para ver quanto ele ganhou de anticorpos com a vacinação”, explica Fernanda Boulos, que é diretora-médica do Instituto Butantan.

O objetivo é concluir os estudos da vacina no ano que vem, o que garantiria ao país autonomia no combate à Covid.

“É sempre muito importante a gente ter autonomia no país, na produção de vacina. É uma vacina que é produzida totalmente dentro do Instituto Butantan”, completa Fernanda.

Outra vacina 100% brasileira e que é desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais em parceria com a Fiocruz é a Spintec. Segundo pesquisadores, oimunizante estará disponível no final de 2024.

Futuro do combate à Covid

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, acredita que a vacinação contra a Covid entrará no calendário vacinal em breve, sobretudo para os grupos prioritários.

“Essa população perde a imunidade depois de alguns meses e a gente vai precisar de doses de reforço para manter essa mesma proteção que a gente tem hoje com a vacina bivalente, realizada esse ano. Então é possível que essa população mais frágil deva fazer doses anuais de reforço, como a gente faz para influenza, por exemplo”, explica.

Desde abril, a vacina bivalente está disponível com dose de reforço para toa a população adulta, mas a imunização está em ritmo lento.

“Manter a vacinação em dia é muito importante. Receber a vacina bivalente é muito importante para que essas pessoas não adoeçam e a nossa cobertura vacinal está muito baixa, inclusive entre os idosos e pessoas com comorbidade”, reforça a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai.

Sobre a vacina Butanvac

Anunciada em março de 2021 como uma alternativa brasileira e mais barata para imunizar a população contra a Covid-19, a ButanVac usa uma tecnologia conhecida como “produção por inoculação em ovo embrionado”.

Segundo o Butantan, ela usa como vetor o vírus da Doença de Newcastle, que infecta aves, mas não provoca sintomas em humanos. Por isso, o vírus se desenvolve dentro de ovos de galinha embrionados, mas com alto grau de segurança para a população.

O processo é o mesmo da produção da vacina contra a Influenza e, por isso, a fábrica já existente no Butantan é capaz de produzi-la em escala industrial sem necessidade de investimentos de infraestrutura.

Por conta do rápido avanço na cobertura vacinal no Brasil a partir do segundo semestre de 2021, o estudo clínico da Butanvac precisou ser reformulado. A falta de voluntários não vacinados acabou atrasando a conclusão da fase 1, que tinha como propósito determinar se a vacina é segura.

A fase 1, iniciada em julho de 2021, só foi concluída em fevereiro de 2022, e os resultados foram apresentados em 30 de maio do mesmo ano.

G 1

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