Estudo mostra que indivíduos com esteatose hepática tinham um risco 24% maior de desenvolver câncer cólon
Os casos de câncer colorretal, também chamado de câncer de cólon, estão aumentando, especialmente entre adultos mais jovens, levando os cientistas a uma corrida para descobrir o que está motivando essa tendência preocupante. Embora dietas inadequadas, estilos de vida sedentários e fatores ambientais estejam em evidência há muito tempo, um novo estudo revela um fator surpreendente: a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), também chamada de esteatose hepática não alcoólica.
De acordo com um estudo publicado na revista científica Clinical Gastroenterology and Hepatology, foi identificada uma ligação marcante entre a esteatose hepática, uma condição silenciosa que afeta cerca de uma em cada quatro pessoas no mundo, e um risco significativamente aumentado de câncer colorretal de início precoce (diagnosticado antes dos 50 anos).
Para entender a ligação entre a esteatose hepátic e o câncer colorretal de início precoce, pesquisadores conduziram um estudo de coorte populacional em larga escala, utilizando dados do Serviço Nacional de Seguro de Saúde da Coreia, envolvendo mais de 4,6 milhões de adultos. Os participantes tinham entre 20 e 49 anos e realizaram exames de saúde de rotina em 2009, com resultados de saúde monitorados até 2019.
A esteatose hepática foi identificada por meio de uma medida validada conhecida como Índice de Fígado Gorduroso (IFG), com pontuações de 60 ou mais indicando a presença da condição. Os participantes foram então agrupados com base em suas pontuações no IGF: aqueles com DHGNA (IFG ≥ 60), DHGNA limítrofe (IFG entre 30 e 59) e sem DHGNA (IFG < 30).
Os casos de câncer colorretal de início precoce foram identificados por meio de dados nacionais de sinistros. Durante um período mediano de acompanhamento de 9,3 anos, 2.733 indivíduos foram diagnosticados com câncer colorretal de início precoce.
Os pesquisadores observaram que indivíduos com esteatose hepática tinham um risco 24% maior de desenvolver câncer colorretal de início precoce em comparação àqueles sem a condição, enquanto aqueles na categoria limítrofe de DHGNA tinham um risco 12% maior.
O estudo também encontrou uma relação dose-resposta entre a gravidade da esteatose hepática e o risco de câncer em cânceres localizados no cólon esquerdo e no reto. A associação foi particularmente forte entre homens, indivíduos mais jovens de 20 a 29 anos e aqueles sem diabetes, destacando a necessidade de triagem precoce direcionada e monitoramento da saúde hepática nessas populações de maior risco.
“Essas descobertas destacam a necessidade de estratégias preventivas multifacetadas, incluindo intervenções no estilo de vida e triagem expandida para populações mais jovens com DHGNA”, escreveram os pesquisadores no estudo publicado na revista Clinical Gastroenterology and Hepatology.
Jornal O Globo