Câncer de mama representa 30% dos casos oncológicos em mulheres do RN


Medicina tem avançado significativamente na identificação precoce para aumentar chances de cura; profissionais orientam sobre realização de exames indispensáveis

De acordo com Boletim Epidemiológico do Câncer 2025 da Secretaria de Saúde Pública do RN (Sesap/RN), a taxa de incidência de câncer cresceu quase 50% entre as mulheres potiguares entre 2020 e 2024, saindo de 301 para 449 casos por 100 mil pessoas. Desses, o câncer de mama foi registrado em 30% dos prontuários oncológicos, sendo o segundo tipo que mais causou mortes no período, com cerca de 8% dos óbitos.

Dra. Nicoli Serquiz, Mastologista da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do RN (Sogorn)

Neste cenário, a campanha de conscientização Outubro Rosa reforça a importância do diagnóstico precoce como a melhor ferramenta para alcançar a cura. Segundo a médica mastologista Nicoli Serquiz, da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do RN (Sogorn), “detectar a doença em estágio inicial significa encontrar o tumor antes de ser clinicamente palpável, com tamanho menor que 2cm, sem ter se espalhado para os linfonodos ou outras partes do corpo. Nesse estágio, temos chances de mais de 90% de cura”.

Nos últimos anos, a medicina tem avançado significativamente na identificação e no tratamento da doença, tornando os diagnósticos mais precisos – inclusive, com a aplicação da inteligência artificial (IA) na análise de imagens mamográficas.

“Os exames vão depender da idade, densidade mamária e histórico familiar da paciente. A ultrassonografia mamária, por exemplo, é útil para mulheres jovens e mamas densas. A ressonância magnética é indicada para quem possui um alto risco genético ou quando há uma dúvida diagnóstica. Já a tomossíntese, uma mamografia 3D, aumenta as chances de detecção em mamas mais densas e heterogêneas”, detalha Nicoli.

Novas diretrizes para mamografia

Em 2025, o Ministério da Saúde atualizou as diretrizes para permitir que mulheres como Cristiane, de 40 a 74 anos, realizem o rastreamento a cada dois anos. Antes dessa faixa etária, a mamografia é indicada apenas para mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou que apresentem nódulos palpáveis.

Essa foi a forma como Cristiane Nelo, consultora comercial da Estácio em Natal/RN, descobriu o seu diagnóstico em 2021, após realizar um exame de rotina. Aos 40 anos, e em apenas 15 dias após a biópsia, ela já estava em cirurgia. “Fiz cinco cirurgias em seis meses, pois meu corpo não aceitou a prótese. Além do impacto físico, enfrentei crises de ansiedade e medo”, relata Cristiane, que hoje está em remissão.

“A mamografia é rápida, segura e salva vidas. O desconforto é breve e o benefício é imensamente maior. Realizar o exame anualmente permite diagnóstico precoce e tratamentos menos invasivos. É um gesto de autocuidado e amor-próprio”, destaca Nicoli.

Autoexame é passo inicial

Entretanto, o autoexame é sempre o passo inicial. “É a forma mais democrática da mulher estar atenta aos primeiros sinais: observar e apalpar as mamas regularmente, identificando mudanças de aparência, textura ou secreção. Ao perceber algo diferente, como nódulos na mama ou axila, alterações na pele ou no mamilo ou dor persistente, é fundamental procurar o serviço de saúde mais próximo”, destaca a coordenadora do curso de Enfermagem da Estácio, Karolinne Mirapalheta.

A especialista orienta que, a partir dos 20 anos, as mulheres toquem regularmente toda a mama em movimentos circulares desde a região da aréola até a região axilar, que também pode desenvolver nódulos benignos ou malignos. É recomendado que se faça isso no banho, com sabonete para que o movimento seja mais fácil, sete dias após o fim do ciclo menstrual.

Alimentação ajuda na prevenção

Atualmente em remissão, Cristiane celebra a vida com novos hábitos. “Hoje mantenho uma alimentação saudável, pratico atividade física e busco cuidar do corpo e da alma”, diz.

De acordo com a nutricionista Marcela Tamiozzo, que é especialista em Nutrição Oncológica e docente do curso de Nutrição da Estácio, manter o peso corporal adequado, com ajuda da prática de atividade física e da alimentação saudável, podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver o quadro clínico, especialmente ao adotar no dia a dia o consumo de determinados alimentos “protetores”.

“Geralmente, os alimentos de origem vegetal apresentam efeito protetor contra o câncer de mama devido a algumas substâncias encontradas neles. Por exemplo, as crucíferas, como brócolis e couve-flor, que possuem uma substância com potencial antioxidante; as frutas vermelhas, que possuem as antocianinas que também têm essa função antioxidante; o chá verde, que possui catequinas também colabora, e a soja, que contém o fitoestrogênio, que ajuda na prevenção da recorrência do câncer de mama em mulheres”, enumera.

A especialista em Nutrição Oncológica acrescenta que alimentos com o Ômega 3, presente em peixes como salmão, cavala e sardinha, também devem ser consumidos por ter um potencial anti-inflamatório.

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