Câncer: O que eu tenho a ver com isso?


Equipe de psicólogos do Instituto Pensare desenvolve trabalho para fortalecer os pacientes e familiares que precisam lidar com o diagnóstico do câncer                                           

No mês de outubro a cidade fica cor de rosa… são palestras, camisetas, programas de rádio, tv, folders, campanhas. Enquanto uma parcela da população aproveita para se tocar, fazer o autoexame e mamografia, outra não quer olhar, falar, ir adiante, seja por medo ou porque acredita que não tenha nada a ver com isso. Muitas vezes, o câncer é visto como sendo do outro. Está tão distante que é ignorado ou está tão perto que amedronta. O câncer não é contagioso, mas, para alguns, falar sobre ele, pronunciar a palavra, pode ser  extremamente difícil, seja por crenças irracionais ou mesmo por vivências pessoais e do outro que o afetam.

Psico-oncologia

Quando adentramos no mundo da oncologia, no universo das pessoas que estão em tratamento de um câncer de mama ou outro, contamos com a psico-oncologia, que consiste na interface entre a psicologia e a oncologia e traz como possibilidade a reestruturação da pessoa adoecida e reinserção dela no mundo. É importante ressaltar que a atuação da psico-oncologia pode acontecer de forma preventiva ao adoecimento, ou seja, estimulando a busca de um bem estar emocional, qualidade de vida, redução de estresse, e um estilo de vida saudável, contribuindo dessa forma para a saúde de uma forma global. Essa proposta vai ao encontro dos princípios da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1996), que define saúde não apenas como ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidade. “O adoecimento pelo câncer não é simplesmente um fato físico, mas uma questão que diz respeito a pessoa como um todo, incluindo não apenas o corpo, mas também as emoções e todo sistema psíquico”, explica a psicóloga Christine Campos Lucena.

Quando quem busca a assistência já recebeu um diagnóstico, o objetivo é trabalhar o impacto emocional do mesmo e buscar um fortalecimento emocional para enfrentar todas as etapas do tratamento, a preparação para quimioterapia e radioterapia  e até mesmo para uma possível cirurgia.  “O paciente vivencia situações de angústia, ansiedade, medo e fantasias frente aos estigmas do câncer, podendo influenciar na sua autoimagem, em mudanças na rotina diária, na dinâmica  de trabalho e familiar, até porque ninguém adoece sozinho, a família fica enferma também”, detalha Leonardo Martins, psicólogo que também faz parte da equipe.

Leonardo Martins, Ana Cláudia Meira Lima e Christine Campos Lucena

Já que o futuro é incerto, percebendo-se tal sofrimento emocional associado à doença, é necessária a busca de cuidados com a saúde mental, pois, se ignorado, pode acarretar redução significativa na qualidade de vida do paciente e de seus familiares e afetar de forma negativa a adesão ao tratamento e reabilitação. O papel do psicólogo será oferecer uma escuta clínica de forma ética e com excelência, buscando assegurar uma assistência integral e humanizada, com intuito de alcançar uma melhora na condição psíquica, minimizando os impactos sofridos durante o adoecimento e favorecendo um enfrentamento mais adaptativo.

“Iniciei a psicoterapia em 2013, na ocasião em que fui diagnosticada com câncer de mama. A terapia foi fundamental para o processo de aceitação da doença e também no desafio de dar um novo significado à vida diante da adversidade que surgiu subitamente. Apesar de toda dificuldade enfrentada, me sinto mais forte, me sinto melhor e não troco a pessoa que sou hoje pela que era antes da doença”, relata a paciente A.R.K, de 50 anos, que mesmo depois do tratamento decidiu continuar o processo de psicoterapia, na área da Psico-oncologia.

De acordo com a psicóloga Ana Cláudia Meira Lima, durante esse processo busca-se dar voz a pessoa adoecida para que espaços possam ser construídos através da fala. “É ofertada ao paciente a possibilidade de um posicionamento mais ativo frente a seu tratamento, escolhas e decisões, além de favorecer um melhor enfrentamento da doença e adaptações necessárias”, explica.

Para realização de um trabalho com o olhar integral para o adoecido, cabe ressaltar a importância da atuação conjunta da equipe interdisciplinar, dando voz ao desejo do paciente nas tomadas de decisões em seu tratamento e aspectos emocionais envolvidos durante e pós-tratamento.

Torna-se primordial a comunicação eficaz entre a equipe, paciente e família, proporcionando maior entendimento do contexto vivenciado e autonomia do paciente frente a seu tratamento. Através da comunicação e intervenções da psicologia, é possível promover o resgate da subjetividade do paciente e sua família, indo além do campo da doença, permitindo a ressignificação da vida.

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