Indução à produção de radicais livres dentro da célula dos fungos do gênero Cândida podem ser uma nova alternativa contra a infecção
Uma das maiores queixas nos consultórios ginecológicos, a Candidíase, a famosa a inflamação da vulva e da vagina causada por fungos do gênero Candida, é uma experiência comum a cerca de 75% das mulheres, segundo a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp). A doença, que causa sintomas como coceira, ardência ao urinar e incômodo durante as relações sexuais, possui uma série de tratamentos, que sem sempre são a solução caso a caso.
Acompanhado de um corrimento braco, em cerca de oito a cada dez casos o incômodo é causado pela sensação de mucosa esfolada. Apesar de ser provocada majoritariamente pela proliferação descontrolada do Candida albicans, a doença também pode ser causada, em alguns casos, por outros fungos do gênero Cândida.
Homens também podem ter candidíase, desenvolvendo, além da coceira e da ardência, pontos vermelhos ou manchas brancas na área do pênis. A candidíase também pode surgir em outras partes do corpo, como na boca, como uma inflamação mais conhecida como sapinho.
A fim de encontrar novas soluções, pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, foram outros tipos de fungo que pudessem atuar aliados ao tratamento da doença. Esses microorganismos podem ajudar na produção de nanopartículas de prata, que podem funcionar como uma nova estratégia de cura.
Fungos e nanotecnologia
No laboratório do Butantan, os fungos coletados nos manguezais paulistas ficaram em um meio de cultura aquoso, onde acabaram liberando determinadas moléculas já revestidas. Ao romper a membrana do fungo, a nanopartícula metálica pode dizimar uma proliferação descontrolada.
Ao entrar na célula, a camada de proteína da nanopartícula se rasga, liberando a prata e matando o fungo ao induzir uma produção de moléculas chamadas radicais livres. No estudo, as nanopartículas desenvolvidas no Butantan agiram contra seis espécies de Candida —além da albicans, a krusei, a glabrata, a parapsilosis, a tropicalis e a guilliermondii.
O objetivo da equipe de pesquisa é formular um medicamento de uso tópico. Diante da capacidade de alguns fungos de criar resistência a medicamentos, alternativas de tratamento são muito valorizadas no mercado farmacêutico.
Jornal O Globo