Estudo clínico propõe novo tratamento para que pessoas com obesidade abdominal e colesterol anormalmente alto evitem recuperar peso perdido após meses em dieta
Pode parecer estranho, mas pesquisadores da Universidade Ben-Gurion (BGU) de Neguev, em Israel, mostraram que consumir cápsulas do microbioma de suas próprias fezes pode limitar o ganho de peso durante uma dieta. O estudo foi publicado na Gastroenterology em 20 de agosto.
O grupo internacional de estudiosos realizou um estudo clínico de 14 meses para investigar o que pode ajudar voluntários com obesidade abdominal e dislipidemia (níveis anormalmente altos de colesterol e gordura no sangue) a manterem o peso após meses em dieta. “É bem sabido que a maioria das pessoas que faz dieta para perder peso atinge seu menor peso corporal após 4 ou 6 meses e são, então, desafiadas pelo platô ou fase de recuperação, apesar da continuidade da dieta”, explica Iris Shai, professora de nutrição da BGU e da Universidade Harvard.
Por isso, os pesquisadores quiseram verificar se o consumo de microbiomas fecais pessoais e otimizados poderia ajudar os participantes dos testes a manterem a perda de peso mesmo após os 6 meses de dieta — quando, em tese, eles tenderiam a ganhar massa novamente.
Os participantes foram divididos em três grupos: os que seguiram orientações dietéticas saudáveis, os de dieta mediterrânea e aqueles que consumiram uma dieta mediterrânea verde. Após seis meses, 90 participantes elegíveis forneceram uma amostra fecal que foi transformada em cápsulas congeladas, opacas e inodoras de microbiotas otimizadas. Então, eles foram distribuídos aleatoriamente em grupos que receberam 100 cápsulas contendo sua própria microbiota fecal ou placebo. Os comprimidos foram consumidos até o 14º mês do estudo.
Com o uso das cápsulas de microbioma fecal otimizado, esse grupo recuperou apenas 17,1% do peso perdido — contra 50% entre os participantes que consumiram placebo.
“A dieta mediterrânea verde também resultou na preservação de bactérias específicas associadas à perda de peso e vias metabólicas microbianas, principalmente o transporte de glicose, após a intervenção do microbioma, em comparação com o controle”, disse Ehud Rinott, da Universidade de Tel-Aviv, que colaborou com o estudo.
Os pesquisadores ressaltam que esta é a primeira pesquisa do tipo a provar em humanos que a preservação de uma composição “ideal” da microbiota intestinal pode ser usada para obter benefícios metabólicos. “Usar as fezes do próprio paciente após a otimização é um conceito novo que supera muitas dessas barreiras”, afirma Ilan Youngster, diretor da Unidade de Doenças Infecciosas Pediátricas e o Centro de Pesquisa de Microbiome do Shamir Medical Center. Além disso, a dieta à base de plantas verdes, como mankai, melhora o microbioma para o procedimento de transplante de microbiota.