Carga de estresse de uma partida de futebol pode ser fatal


Cardiologista alerta para o risco de eventos cardiovasculares devido à tensão dos jogos da Copa do Mundo

De modo geral, o brasileiro assiste futebol pelo menos duas vezes por semana. As decisões de campeonatos também são parte da programação das famílias. Mas na Copa do Mundo, a coisa costuma mudar. Com a Seleção Brasileira em campo, a emoção é tradicionalmente maior e, somada ao estado de estresse do indivíduo no dia a dia, esse momento que é pura diversão e encontro com familiares e amigos, pode se converter em risco para a saúde do coração, ainda mais para quem já tem alguma doença coronariana.

Gabriel. A. L. Carmo Médico cardiologista, diretor assistencial do Hospital Evangélico de Belo Horizonte e professor do curso de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). foto: divulgação

Segundo o médico cardiologista, diretor assistencial do Hospital Evangélico de Belo Horizonte e professor do curso de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Gabriel. A. L. Carmo, um estudo realizado durante a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006,  e publicado dois anos depois na revista New England Journal Medicine, constatou que nos dias das partidas decisivas havia um aumento de 3 ou 4 vezes nos eventos cardiovasculares entre os torcedores alemães, com o time da casa em campo.

 

Tensão e ansiedade

E como o brasileiro é um apaixonado pelo futebol, adotar alguns cuidados faz todo sentido, principalmente com a Seleção Brasileira avançando na competição. “Assim como acontece em eventos climáticos como um terremoto ou durante uma guerra, a partida de futebol gera uma carga de estresse ambiental devido à ansiedade e tensão que provoca. O organismo reage e libera o hormônio cortisol e as catecolaminas plasmáticas como a famosa adrenalina, em maior quantidade, o que pode resultar em um evento cardiovascular principalmente entre homens e pessoas com predisposição”, explica.

O médico adverte que não há uma receita para torcer para o time do coração sem se emocionar. Dependendo do grau de dramaticidade do jogo, o indivíduo tem que fazer a sua análise e decidir se prefere ausentar-se da sala, isolar-se ou enfrentar a tensão. No entanto, em casos de dor no peito, sensação de coração acelerado ou de peso no peito, perda da consciência (desmaio), dificuldade de falar ou de mover algum membro do corpo, a recomendação é chamar o serviço de emergência para fazer uma análise do caso, verificar a necessidade de transferência para o serviço de saúde ou fazer o transporte do paciente, já sob monitoramento.

“E para aqueles que já tem diagnóstico de doença cardiovascular – arritmia e outras – ou que já tiveram um infarto do miocárdio, por exemplo, manter a medicação em dia de jogo é fundamental para o controle de uma crise. A falta do uso do remédio somada a uma carga de estresse externo pode levar a um desfecho ruim”, ressalta.

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