Médicas alertam: reconhecer os sintomas e agir com rapidez é essencial em ambientes públicos para salvar vidas
Uma reação alérgica grave pode acontecer a qualquer momento — dentro de uma escola, em um restaurante, durante uma festa de aniversário ou até numa simples aula de educação física. Reconhecer os sinais da anafilaxia e saber o que fazer, em questão de minutos, pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Durante a Semana Mundial da Alergia, especialistas da ASBAI-RN reforçam a necessidade de preparar ambientes públicos e equipes para agir rapidamente diante de uma emergência alérgica.
Um erro de molho quase custou a vida de Letícia
Letícia, 21 anos, é alérgica grave ao trigo e lembra de uma situação crítica que enfrentou ainda na escola:
“Era uma salada simples, mas trocaram o molho. Eu perguntei antes se estava tudo certo. Minutos depois de comer, comecei a passar mal. Foi uma das minhas piores crises.”
Ela precisou ser socorrida com urgência. Por sorte, tinha consigo a caneta de adrenalina — que salvou sua vida até a chegada ao hospital.
Ambientes públicos precisam estar preparados
A médica alergista e diretora da ASBAI-RN, Dra. Eliane Macedo, alerta que ambientes com grande circulação de pessoas, especialmente crianças, devem ter protocolos de segurança alimentar e treinamento básico em anafilaxia.
“Uma troca simples de ingrediente, um alimento não identificado, ou até a contaminação cruzada pode desencadear uma crise grave. E se quem está por perto não souber como agir, o risco de morte aumenta muito.”
Ela ressalta que os sintomas aparecem rapidamente, como inchaço nos lábios, coceira intensa, dificuldade para respirar, vômitos, urticária, tosse, diarréia ou queda de pressão.
O que fazer em caso de reação alérgica?
A presidente da ASBAI-RN, Dra. Simone Diniz, orienta que a primeira atitude deve ser reconhecer os sintomas e aplicar imediatamente a caneta de adrenalina, caso o paciente tenha uma.
“Não se deve esperar. Quanto mais cedo a adrenalina for aplicada, maiores as chances de reversão da crise.”
Passo a passo básico de emergência:
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Identificar os sintomas: coceira, urticária, inchaço, falta de ar, desmaio.
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Aplicar a caneta de adrenalina (caso disponível).
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Ligar para o SAMU (192) imediatamente.
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Manter o paciente deitado com as pernas elevadas, se possível.
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Nunca oferecer alimentos ou líquidos durante a crise.
“Não se trata apenas de saber o que fazer, mas de estar preparado para agir rápido. Muitas escolas e estabelecimentos não têm sequer um protocolo básico”, reforça Dra. Simone.
Responsabilidade compartilhada: pais, professores e estabelecimentos
A prevenção começa com a informação. Professores, monitores, cozinheiros, recreadores, garçons, cuidadores e até colegas de turma precisam estar atentos.
Dra. Eliane Macedo reforça:
“A anafilaxia é uma questão de saúde pública. Toda escola deveria incluir o tema no protocolo de primeiros socorros e contar com profissionais treinados.”
Ela sugere que alunos com alergia alimentar tenham plano individual de emergência, com orientação escrita da família e do médico responsável, além de um responsável treinado para aplicar a adrenalina, caso necessário.
Agir rápido salva vidas
Letícia sabe disso melhor do que ninguém. Ela já enfrentou diversas crises e sobreviveu graças ao conhecimento, à organização e ao acesso à caneta de adrenalina.
“Não é exagero. É sobrevivência. Se a escola não souber lidar, uma coisa simples pode virar uma tragédia. Todo mundo deveria aprender isso.”