Como identificar a insuficiência cardíaca, que causou a morte de Claudia Jimenez


Problema de saúde crônico que ocorre quando o coração se torna incapaz de bombear o sangue de forma adequada; conheça os sinais e sintomas

insuficiência cardíaca é um problema de saúde crônico que ocorre quando o coração se torna incapaz de bombear o sangue de forma adequada para os outros órgãos do corpo. A condição pode trazer impactos nas funções dos pulmões, dos rins e do fígado.

A doença atinge cerca de três milhões de brasileiros e se manifesta através de sintomas como falta de ar, fadiga e inchaço dos pés e pernas. A World Heart Federation estima que a prevalência da insuficiência cardíaca aumentará em 25% até 2030, devido ao aumento de fatores de risco como obesidade, hipertensão arterial e diabetes, somado ao envelhecimento da população.

A atriz e humorista Claudia Jimenez morreu no último sábado (20), aos 63 anos, em decorrência da insuficiência cardíaca.

Os principais sinais da insuficiência cardíaca incluem fadiga, inchaço nas pernas, dificuldade para respirar e intolerância ao exercício físico. Outros sintomas também podem ser evidenciados, como tosse durante a noite, perda de apetite, inchaço e dor abdominal, ganho de peso ou perda de peso acentuada ao longo dos meses.

O médico cardiologista Roberto Kalil, explica que a insuficiência cardíaca é fruto do enfraquecimento de músculos do órgão que compromete o bombeamento sanguíneo no organismo.

“Várias doenças podem levar ao enfraquecimento do músculo do coração, uma delas é infarto em que se fecha uma artéria que leva sangue para o coração, chamada coronária e parte daquele músculo morre. O coração vai perder a força dependendo da região acometida. Há também problemas das válvulas do coração e doenças intrínsecas do músculo do coração”, explica Kalil.

Diagnóstico e tratamento

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece assistência para pessoas com insuficiência cardíaca, incluindo ações de prevenção e controle, diagnóstico, oferta de medicamentos específicos, orientações e acompanhamento.

A insuficiência cardíaca tem grande potencial de reduzir a expectativa de vida. Após o diagnóstico, metade dos pacientes podem morrer em até cinco anos. O tratamento envolve cuidados diários, controle dos fatores de risco e a utilização correta das medicações, conforme orientação dos profissionais de saúde.

Segundo o Ministério da Saúde, em 2021, foram registrados mais de 167 mil atendimentos de pessoas com a doença na Atenção Primária à Saúde. Em 2022, até o mês de abril, já foram registrados mais de 59 mil atendimentos.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), os sintomas da insuficiência cardíaca podem ser controlados, mas não há cura. Por isso, os cuidados devem ser contínuos e com uma combinação de tratamento medicamentoso e mudança de hábitos.

“Manter comportamentos de autocuidado como pesagem diária para monitorar a retenção de fluidos, monitorar a pressão arterial e a frequência cardíaca, comer uma dieta saudável, aderir ao plano de medicação e se exercitar regularmente pode ser difícil. Os profissionais de saúde devem ajudar os pacientes com insuficiência cardíaca a desenvolverem suas próprias estratégias para se manterem motivados e engajados em seus cuidados”, diz Evandro Tinoco Mesquita, presidente do Departamento de Insuficiência Cardíaca da SBC, em comunicado.

Impacto da insuficiência cardíaca em hospitalizações

Os impactos da insuficiência cardíaca podem ser comparados aos de doenças graves como o câncer. Em um estudo publicado na revista International Journal of Cardiovascular Sciences, cientistas brasileiros analisam a mortalidade pela condição em comparação com cânceres usando informações de um banco de dados nacional.

De acordo com a pesquisa, os cânceres estudados, incluindo de estômago, cólon, pulmão, mama e próstata, foram responsáveis ​​por maior mortalidade, menor internação e maior mortalidade intra-hospitalar. Em uma análise de grupo, a insuficiência cardíaca apresentou taxas de mortalidade de 100 a 150 por 100.000 habitantes no período, inferior aos cânceres selecionados.

Por outro lado, a condição cardíaca teve uma taxa de mortalidade maior do que cada tipo de câncer, mesmo quando comparada aos mais prevalentes e mortais. Em relação às taxas de hospitalização, a insuficiência foi associada a maior risco quando comparada às condições relacionadas ao câncer como um grupo.

“No cenário brasileiro é uma doença extremamente desafiadora devido à alta mortalidade, comorbidades descontroladas, pacientes com hospitalizações frequentes e a vivência diária de algumas doenças negligenciadas, como as reumáticas e Chagas”, afirma a médica Daniella Motta da Costa Dan, diretora científica da regional Espírito Santo da SBC.

CNN BRASIL

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