Saiba como evitar e quando é recomendável o tratamento com vacina
Alexandre Raith, da Agência Einstein
Apesar de o inverno começar somente no próximo mês, em 21 de junho, as tardes e noites frias de outono já fazem parte do cotidiano de muitas regiões brasileiras. Até lá, a queda de temperatura será constante e, para muitos, um prenúncio de um longo período de crises alérgicas.
Mas por que as condições climáticas das estações mais frias favorecem a manifestação de alergia respiratória, sobretudo, em crianças?
“Temos um maior número de horas restritas no mesmo ambiente potencialmente com alérgenos, sem sol e um pouco mais de umidade. Isso pode provocar o aumento de mofo e bolor, que são alimentos para ácaros”, explica Antonio Carlos Pastorino, coordenador do Departamento Científico de Alergia na Infância e na Adolescência da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).
“Além disso, restos alimentares da família, que passa mais tempo em casa, sofás e camas, podem ajudar a proliferar os ácaros, e as crianças são as que mais permanecem na habitação em qualquer período do ano”, complementa Pastorino.
Segundo o especialista, o surgimento de alergias é mais comum na infância porque a nossa imunidade nesta fase ainda está em desenvolvimento. Ele esclarece que a entrada de alérgenos, como ácaros, pelos, saliva ou urina, por exemplo, na pele, nariz ou pulmão da criança que não tem predisposição não acarreta efeitos significativos.
No entanto, naquelas com genética para alergia, esses alérgenos podem induzir a produção de um anticorpo que se une na superfície de células que contêm muitas substâncias. Estas, quando liberadas, provocam os sintomas na pele, nariz ou pulmão. Neste último caso, causam chiado no peito, um pouco de catarro, tosse e falta de ar.
Hábitos domésticos, cuidados com o ambiente e até a exposição a certos produtos e animais influenciam no gatilho e na frequência das crises em crianças. Apenas três atitudes ajudam a evitar a manifestação da alergia, segundo o coordenador da Asbai. Veja quais são elas:
• Mantenha os ambientes bem arejados e ensolarados, a fim de reduzir a umidade e os mofos e ácaros;
• Remova objetos que acumulem poeira como tapetes, cortinas mais grossas e pesadas, livros, bichos de pelúcia e de pano;
• Retire do quarto ou do ambiente de maior presença das crianças os animais que provocam realmente alergia a elas, e lave os bichos pelo menos uma vez por semana, para diminuir a saliva e até ácaros presentes nos pelos e na pele.
Os pais também precisam aprender a identificar quando se trata de uma crise alérgica e não de um resfriado ou uma gripe forte.
“As infeções virais nas crianças pequenas são muito frequentes e se confundem com alergias, mas em geral as infecções das vias aéreas podem ter um pouco de febre e mal-estar, o que não ocorre com as doenças alérgicas”, explica Pastorino. “Já espirros, secreção e tosse podem ser comuns aos dois quadros clínicos. Ter outras doenças alérgicas, como dermatite atópica na pele ou alimentar, reforçam a chance de também ter rinite alérgica.”
Cada tipo de alergia respiratória tem um tratamento específico. Para asma, se reduz a crise aguda com broncodilatador ou remédios inalados com corticoide em dose baixa, se as ocorrências forem frequentes. Já no caso de rinite, recomenda-se a limpeza nasal com soro fisiológico e a ingestão de antialérgico via oral pode ser suficiente. Em contextos mais graves e persistentes, o médico pode prescrever corticoides spray de uso no nariz.
Existe, ainda, a opção de vacinas para alergia pela via subcutânea ou sublingual, por tempo prolongado entre dois e três anos. “Sempre com acompanhamento de especialistas, são indicadas nos pacientes com quadros mais crônicos e que não melhoram com os tratamentos acima, e somente quando fica claro o tipo de alérgeno que está envolvido”, aconselha o coordenador da Asbai.
(Fonte: Agência Einstein)