Segundo estudo da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) casos de alergia ocular em crianças e adolescentes tem aumentado no mundo todo
Os casos de alergia ocular em crianças e adolescentes tem aumentado em todo o mundo. Entre os fatores responsáveis por esse aumento estão a predisposição genética associada aos fatores ambientais como alimentação cada vez mais industrializada, poluição e contato frequente com alérgenos.
Dados da SBOP indicam que a alergia ocular (associada ou não aos quadros alérgicos) atinge de 15 a 28% das crianças e adolescentes no Brasil. Outro dado que chama a atenção é que cerca de 44% das crianças e adolescentes até os 14 anos com asma apresentam sintomas oculares, mas apenas um terço recebe o diagnóstico de conjuntivite alérgica.
A conclusão dos pesquisadores é que existe um subdiagnóstico da doença, algo que é preocupante. Isso porque a alergia ocular crônica sem tratamento aumenta o risco do desenvolvimento de problemas de visão mais graves, como lesões na córnea e ceratocone.
Conjuntivite alérgica em crianças é marcada por intensa coceira ocular
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo, a conjuntivite alérgica do tipo sazonal e/ou perene é a forma mais prevalente da doença. No tipo sazonal os sintomas duram menos de 4 semanas. Já na perene há persistência das manifestações por mais de 4 semanas.
“A coceira e a vermelhidão são os sintomas mais comuns da conjuntivite alérgica. A criança também pode apresentar lacrimejamento, inchaço nas pálpebras, na conjuntiva (quemose) e acúmulo de secreção esbranquiçada nos olhos”, acrescenta a médica.
Existe outro tipo de alergia ocular, a ceratoconjuntivite primaveril. “Essa é a forma mais rara, porém mais grave de conjuntivite alérgica. Cerca de 80% dos casos ocorrem em crianças menores de 10 anos. Temos ainda a alergia ocular de contato que se desencadeia após contato com alérgenos, principalmente com substâncias químicas”, aponta Dra. Marcela.
Conjuntivite alérgica: Diagnóstico e Tratamento
“Realmente é muito comum que crianças atópicas, ou seja, com alergias como rinite, asma e dermatite atópica, desenvolvam quadros de conjuntivite alérgica com frequência ao longo da infância e adolescência. Entretanto, a tendência com o passar dos anos é de melhora, mas sempre é preciso acompanhar quando as alergias são crônicas e frequentes”, afirma a oftalmologista infantil.
O tratamento medicamentoso depende do tipo de conjuntivite, da duração dos sintomas e de outros fatores. Por outro lado, há medidas não farmacológicas que são essenciais para o controle dos sintomas. Uma delas é afastar a criança dos alérgenos que podem desencadear os quadros alérgicos como poeira, poluição, pelos de animais etc.
“O uso de compressas frias e de lágrimas artificiais durante as crises também pode ajudar a aliviar os sintomas. Uma dica para os pais é providenciar óculos de sol com lentes UVA/UVB para prevenir o contato com substâncias que podem causar alergia e para melhorar a sensibilidade à luz, que também é uma das manifestações da conjuntivite alérgica”, comenta Dra. Marcela.
Quando a coceira no olho pode virar motivo de preocupação
A alergia ocular pode afetar qualquer pessoa, em qualquer idade. Entretanto, os pais de crianças atópicas devem ficar atentos aos sintomas persistentes da alergia ocular.
“Muitas vezes os pais podem pensar que coçar os olhos é apenas um hábito da criança, quando na verdade já é uma manifestação de um quando crônico de conjuntivite alérgica. Portanto, estamos falando de um grupo que tem um risco bastante aumentado. Nesses casos é imprescindível levar a criança para uma consulta com um oftalmologista infantil”, alerta a especialista.
Já em crianças que não possuem nenhum tipo de alergia, o ideal é ficar atento à frequência e à persistência da coceira e da vermelhidão. Isso porque a alergia ocular também pode ser desencadeada pelo contato com produtos químicos e outras substâncias. “
Finalmente, existe também a possibilidade dessas manifestações indicarem uma conjuntivite infecciosa. Por isso, a dica final é sempre buscar ajuda médica especializada”, finaliza Dra. Marcela.