Coquetel químico cria células-tronco musculares em menos tempo do que utilização de técnica convencional


Método pode ser eficaz para tratamento de distrofia muscular

 

Tiago Varella, da Agência Einstein

 

Cientistas da Universidade da Califórnia (EUA) identificaram um coquetel químico capaz de produzir uma grande quantidade de células-tronco musculares, que podem se renovar e dar origem a todos os tipos de células musculares esqueléticas. As descobertas desse estudo publicado na Nature Biomedical Engineering contribuirão para terapias com base em células-tronco para perda ou dano muscular causado por lesão, idade ou doença.

As células-tronco têm um papel muito importante no organismo por serem responsáveis pelo desenvolvimento e renovação celular e, consequentemente, pela regeneração muscular. Esse processo acontece ao logo da vida, porém, na fase adulta, as células-tronco passam a desempenhar sua função quando recebem um comando para se replicarem e criarem as células necessárias para reparar o tecido lesionado. Além da idade, lesões traumáticas e doenças genéticas também podem interferir diretamente e comprometer a capacidade regenerativa.

“As terapias baseadas em células-tronco musculares mostram muita promessa para melhorar a regeneração muscular, mas os métodos atuais para gerar essas células musculares específicas do paciente podem levar meses”, conta Song Li, autor do estudo. Com o coquetel químico identificado na pesquisa, a partir de uma combinação de extrato da raiz da planta forscolina e molécula de RepSox (inibidora da proteína que controla a proliferação e diferenciação celular), foi possível criar um grande volume de células-tronco musculares em apenas 10 dias.

Há duas maneiras de usar o coquetel como tratamento. Uma delas é com a utilização de células miogênicas dérmicas, encontradas na pele, que apresentou alta capacidade de produzir células-tronco musculares e que poderiam ser transplantadas para o tecido afetado. Em um teste realizado em camundongos, as células-tronco musculares se integraram ao músculo danificado quatro semanas após o transplante das células.

Já na segunda abordagem, os cientistas usaram nanopartículas para levar o coquetel químico para o tecido muscular comprometido. Ao serem injetadas, essas partículas se espalharam por toda a área acometida e liberam o composto químico que, por sua vez, ativou as células-tronco do músculo para dar início à divisão celular.

Os dois métodos tiveram êxito, porém o uso do coquetel químico trouxe o benefício adicional de suprimir a necessidade de crescimento celular em laboratório. Nesse caso, o processo de regeneração das células-tronco ocorreu dentro do corpo. “Nosso coquetel químico permitiu que as células-tronco musculares em camundongos idosos superassem seu ambiente adverso e lançassem uma resposta de reparo robusta”, explica Li.

Ambas as abordagens não reparam os defeitos genéticos que causam distrofias musculares, mas os cientistas acreditam que as células-tronco musculares constituídas a partir de células da pele de um doador saudável podem ser transplantadas para o músculo de um paciente com distrofia muscular. Com isso, poderia estender a expectativa de vida e melhorar qualidade de vida dos pacientes.

 

 (Fonte: Agência Einstein)

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