De acordo com uma pesquisa publicada na revista The Lancet Infectious Diseases nesta segunda-feira (28), a vacina CoronaVac é segura e gera forte resposta imune em crianças e adolescentes. Nas fases 1 e 2 de testes clínicos, mais de 96% dos participantes que receberam as duas doses desenvolveram anticorpos contra o Sars-CoV-2.
Ao todo, os estudos englobaram 550 chineses saudáveis de 3 a 17 anos, que foram divididos em três grupos: 219 receberam doses de 1,5 micrograma da CoronaVac, 217 tomaram doses de 3 microgramas e 114 ficaram no grupo controle (ao qual foi designado um placebo).
Na primeira fase dos testes, realizada com poucos voluntários, todos os 27 participantes que receberam 1,5 micrograma do imunizante geraram anticorpos contra a Covid-19, apresentando títulos médios geométricos (GMTs) de 55. Na prática, os GMTs indicam a quantidade de anticorpos capazes de neutralizar o vírus. Ainda na primeira etapa, 26 jovens tomaram 3 microgramas e produziram uma reação imune mais forte: GMT de 117.
Na etapa seguinte dos ensaios clínicos, dos 186 participantes do grupo de 1,5 micrograma, 180 (97%) desenvolveram defesas contra o Sars-CoV-2, com GMT de 86. Dos 180 integrantes do grupo de 3 microgramas, todos mostraram forte resposta imune, com GMT de 142.
Ao final das avaliações, os autores do artigo concluíram que mais de 96% das pessoas de ambos os grupos que receberam vacina produziram anticorpos contra o novo coronavírus. Após 28 dias da segunda dose, os GMTs variaram entre 78 e 146. “A descoberta de que a CoronaVac foi bem tolerada e induziu forte resposta imune é bastante encorajadora”, afirma Qiang Gao, da farmacêutica Sinovac Life Sciences CO, empresa chinesa que desenvolveu a vacina, produzida aqui no Brasil pelo Instituto Butantan.
Gao ressalta que, apesar de crianças e adolescentes geralmente não desenvolverem quadros graves de Covid-19, ainda podem transmitir o vírus, o que explica a importância da imunização dos mais novos.
Em praticamente todos os casos foram vistas diferenças significativas entre os GMTs resultantes de doses de 1,5 micrograma e 3 microgramas. Diante disso, os pesquisadores recomendam que sejam administradas duas doses de 3 microgramas da CoronaVac para crianças e adolescentes de 3 a 17 anos.
Os participantes apresentaram apenas reações adversas leves ou moderadas durante os testes. Dor no local da injeção foi o sintoma mais comum, sendo relatado por 13% dos pequenos. O único caso grave registrado foi uma pneumonia no grupo controle e, portanto, sem qualquer relação com a vacina.
Embora os resultados sejam animadores, os autores do artigo afirmam que mais testes com outras etnias e um maior número de jovens ainda são necessários. Eles também pontuam que é preciso analisar a imunidade a longo prazo e, por isso, os participantes dos ensaios clínicos das primeiras fases serão acompanhados por pelo menos um ano.
REVISTA GALILEU