Estudo divulgado pela empresa indica que imunizante da Janssen, seu braço de vacinas, gera uma forte resposta de anticorpos neutralizantes que não diminui
A vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela Johnson & Johnson fornece imunidade que dura pelo menos 8 meses e parece proteger adequadamente contra a preocupante variante Delta, disse a empresa em um comunicado na noite de quinta-feira (1º).
“Os dados atuais para o estudo de oito meses até agora mostram que a vacina de dose única da Johnson & Johnson contra Covid-19 gera uma forte resposta de anticorpos neutralizantes que não diminui; em vez disso, observamos uma melhora com o tempo”, afirmou Mathai Mammen, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Janssen, braço de vacinas da J&J, no comunicado.
A empresa disse que uma dose da vacina provoca uma resposta duradoura de anticorpos e gera células do sistema imunológico chamadas células T, que também duram oito meses.
Dan Barouch, do Beth Israel Deaconess Medical Center e da Harvard Medical School, e seus colegas testaram o sangue coletado de 20 voluntários em um estágio inicial, no ensaio de Fase 1/2 da vacina.
“Esses dados são promissores e tranquilizadores”, disse Barouch à CNN. Barouch submeteu suas descobertas ao serviço de artigos em pré-impressão BioRxiv.
“Os dados mostraram que as respostas das células T – incluindo as células T CD8 + que procuram e destroem as células infectadas – persistiram durante o período de oito meses examinado”, disse a empresa.
Estes não são dados de eficácia do mundo real, mas a resposta de anticorpos e células T geralmente indicam proteção, disse Barouch.
A Pfizer/BioNTech e a Moderna disseram que suas vacinas de duas doses protegem por pelo menos seis meses e pesquisadores da Washington University em St. Louis relataram no início desta semana que seus estudos com voluntários vacinados indicam que a proteção das vacinas deve durar muito mais do que isso – até mesmo por anos. Eles não testaram a vacina J&J.
A equipe de Barouch também testou o sangue dos voluntários vacinados contra as variantes mais preocupantes do vírus, incluindo a variante Delta, ou B.1.617.2, vista pela primeira vez na Índia, a variante B.1.351, ou Beta, vista pela primeira vez na África do Sul e a P. 1, ou variante Gamma, originada no Brasil.
“Vemos uma cobertura robusta de anticorpos neutralizantes da variante”, disse Barouch. Os anticorpos neutralizantes são proteínas do sistema imunológico que inativam um vírus antes que ele possa se replicar.
“A dose única da vacina contra Covid19 da Johnson & Johnson gerou anticorpos neutralizantes contra uma série de variantes preocupantes do SARS-CoV-2, que aumentaram com o tempo, incluindo a variante Delta (B.1.617.2), cada vez mais prevalente e transmissível, a Beta parcialmente resistente à neutralização (B.1.351), as variantes Gama (P.1) e outros, incluindo o Alfa (B.1.1.7), Epsilon (B.1.429), Kappa (B.1.617.1 ) e a variante D614G, bem como a cepa SARS-CoV-2 original”, disse a empresa.
Separadamente, uma equipe da Janssen na Holanda estudou sangue colhido de oito voluntários vacinados no estudo de Fase 3 da empresa e encontrou resultados semelhantes contra as variantes.
Na manhã de quinta-feira, a J&J disse que uma segunda dose ou uma dose de reforço de sua vacina não seria necessária.
O médico Anthony Fauci, principal infectologista do governo dos EUA, concordou. “Com relação à ideia de reforço, fala-se muito sobre isso – mas agora acho que ainda precisamos lembrar que, na verdade, a vacina J&J é uma vacina altamente eficaz que foi recomendada de forma muito clara e recebeu um autorização de uso de emergência”, disse Fauci, que é diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, em uma entrevista na Casa Branca.
No entanto, a J&J, junto com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, está testando para ver se dar às pessoas duas doses de sua vacina fornecerá melhor proteção.
(Texto traduzido; leia o original, em inglês)
CNN BRASIL