Cresce número de brasileiros com uso prolongado de telas como lazer, diz estudo


Moradores das capitais brasileiras e do Distrito Federal aumentaram o tempo gasto em celular, computador ou tablet durante atividades de lazer

Os moradores das capitais brasileiras e do Distrito Federal aumentaram o tempo gasto no lazer em celular, computador ou tablet (grupo chamado CCT) de 1,7 para 2 horas por dia, entre 2016 e 2021. Já o tempo médio assistindo TV manteve-se estável no período (de 2,3 para 2,2 horas por dia).

Os dados são de uma pesquisa do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenada pelo professor Rafael Moreira Claro. Os resultados foram publicados no periódico American Journal of Health Promotion.

Os pesquisadores também identificaram um aumento da frequência de adultos gastando três ou mais horas por dia em CCT, considerado tempo prolongado, que passou de 19,9% para 25,5%. O estudo destaca que o aumento do tempo dessas telas foi relevante em todos os grupos sociodemográficos, sendo que o uso prolongado foi mais intenso no grupo dos mais jovens (18 a 34 anos), mulheres e pessoas com 9 a 11 anos de estudo.

Atualmente, o tempo de tela é a maior expressão do comportamento sedentário e, portanto, está associado a diversos desfechos adversos à saúde, especialmente relacionados às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).

Evidências têm mostrado que o maior tempo em comportamento sedentário está associado ao aumento da mortalidade por todas as causas, da mortalidade e da incidência de doenças cardiovasculares, além da incidência de diabetes tipo 2.

“Analisamos comportamento sedentário por ser tema central na agenda mundial de Saúde Pública, e pelo fato de tempo de tela discricionário, especialmente no lazer, ser uma possibilidade de escolha da pessoa. É muito importante monitorarmos o tempo de tela como uma ação de vigilância em saúde, de forma a apoiar a elaboração de diretrizes e desenvolvimento de políticas públicas para redução do comportamento sedentário”, afirma a pesquisadora Pollyanna Costa Cardoso da UFMG e doutoranda do programa, em comunicado.

O número de horas considerado uso prolongado de telas no lazer ainda está em discussão entre a comunidade científica. A pesquisadora explica que o chamado ponto de corte (3 horas por dia) utilizado no estudo tem sido sugerido como mais apropriado devido sua associação com desfechos negativos de saúde, particularmente mortalidade por todas as causas entre adultos.

A coleta foi feita por telefone, por meio do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doencas Cronicas por Inquérito Telefônico. (Vigitel). Foram mais de 265 mil entrevistas entre 2016 e 2021. Os entrevistados tinham 18 anos ou mais.

A maioria dos estudos de tendências temporais disponíveis nessa temática são de países de alta renda, o que destaca a necessidade de aprofundamento da pesquisa científica na área no Brasil.

Riscos para a saúde ocular

O uso em excesso de equipamentos como celular, tablets e computadores pode provocar danos que vão da saúde ocular ao desenvolvimento cognitivo das crianças. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o tempo de uso diário recomendado varia de acordo com a idade, sendo restrita a utilização por crianças menores de dois anos.

Segundo o médico Sérgio Fernandes, membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, a exposição intensa aos eletrônicos pode levar ao desenvolvimento e agravamento de casos de miopia nas crianças, que podem ser irreversíveis. A miopia é um distúrbio da visão definido principalmente pela dificuldade de enxergar a distância devido a alterações provocadas no globo ocular.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *