Crianças com gordura no fígado têm mais risco de desenvolver diabetes


Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, alertou sobre as taxas de diabetes tipo 2 que duplicaram em crianças no país nos últimos 20 anos, sendo que as que têm doença hepática gordurosa não alcoólica, a popular gordura no fígado, apresentam certa resistência à insulina, uma característica fundamental do diabetes tipo 2. Por isso, os especialistas acreditam que elas têm mais risco de desenvolver a doença.

A causa da doença hepática gordurosa não alcoólica é desconhecida. Os fatores de risco incluem, entre outros, obesidade e colesterol alto. A maioria das pessoas não apresenta sintomas. Em casos raros, elas podem sentir cansaço, dor ou sofrer perda de peso. Ao longo do tempo, pode haver inflamação e fibrose do fígado (cirrose). Não existe um tratamento padrão. Os médicos tratam a doença subjacente, como a obesidade.

Liderado por uma equipe de pesquisadores americanos, o estudo forneceu números que descrevem a conexão entre a doença hepática gordurosa não alcoólica e o risco de diabetes. Os dados foram publicados em 13 de junho de 2022 na revista Clinical Gastroenterology and Hepatology.

De acordo com a pesquisa, a doença hepática gordurosa não alcoólica é a doença hepática pediátrica mais comum nos Estados Unidos, afetando entre 5 e 8 milhões de crianças.

“Há uma crescente crise de saúde pública à medida que crianças com diabetes se tornam adultos com diabetes. Precisamos entender melhor como a doença hepática gordurosa não alcoólica contribui para o risco de diabetes tipo 2 em crianças para que possamos trabalhar ativamente para preveni-lo”, disse Jeffrey Schwimmer, professor de pediatria na Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, e diretor da Clínica de Fígado Gorduroso no Hospital Infantil Rady San Diego.

Uma avaliação feita entre 892 crianças com doença hepática gordurosa não alcoólica matriculadas na Rede de Pesquisa Clínica de Esteatohepatite Não-alcoólica concluiu que o diabetes tipo 2 estava presente em 6,6% das crianças na avaliação inicial, com a taxa de incidência aumentando 3% ao ano nos próximos quatro anos. No final do estudo, 1 em cada 6 crianças havia desenvolvido diabetes tipo 2.

“Isso é alarmante, porque o diabetes tipo 2 na juventude é uma doença muito mais agressiva do que em adultos, com complicações e resultados mais imediatos e graves”, disse Schwimmer.

Os autores também identificaram fatores específicos que aumentam o risco de diabetes tipo 2 em crianças com essa doença como o gênero (as mulheres eram mais propensas a desenvolver diabetes tipo 2), gravidade da obesidade e quantidade de gordura e tecido cicatricial no fígado.

Por que esse estudo é importante?

Certamente você já ouviu dizer que uma coisa pode atrair a outra, e na medicina não é diferente. Nesse caso, os pesquisadores alertam para o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 em crianças que têm doença no fígado.

“Essas descobertas têm implicações clínicas para gastroenterologistas que cuidam de crianças com essa doença do fígado”, disse Schwimmer, lembrando que descobertas como essas podem auxiliar os médicos especialistas a monitorar os pacientes com mais afinco, já que é sabido os riscos futuros.

“Eles devem estar cientes do risco e fornecer monitoramento, orientação antecipada e intervenções no estilo de vida que ajudem seus pacientes a evitar o desenvolvimento de diabetes tipo 2”, concluiu o especialista.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *