Uso excessivo de telas afeta sono, rendimento escolar e até o crescimento físico. Especialista alerta: diálogo e exemplo dos pais são chave para reverter o quadro
A cena é cada vez mais comum: adolescentes hipnotizados pelo celular, ignorando o mundo ao redor. O que parece apenas excesso, muitas vezes é dependência digital, um transtorno que já preocupa profissionais da saúde como o hebiatra Dr. Genner Barbosa. Segundo ele, o uso indiscriminado de telas impacta diretamente na saúde física, mental e emocional dos jovens , e requer atenção urgente das famílias.
“O adolescente de hoje não está apenas entretido, está em risco”, alerta o médico. O Brasil ocupa posição de destaque entre os países com maior tempo de conexão por dia: mais de 9 horas. E entre os adolescentes, cerca de 25% já se declaram dependentes da tecnologia. A consequência? Problemas na coluna, sedentarismo, alimentação desregulada, sono prejudicado e baixo rendimento escolar.
A dependência digital, explica Dr. Genner, vai além do uso exagerado. “É quando o jovem não consegue mais ficar sem o celular. A ausência causa angústia real.” Isso afeta diretamente a formação do cérebro , especialmente do córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisões e autocontrole, ainda em desenvolvimento nessa fase.
O hebiatra também ressalta que o adolescente, por ter um sistema emocional mais ativo do que racional, reage mais ao sentimento do que à lógica. Por isso, estratégias autoritárias não funcionam. A saída está no exemplo dos pais e na construção de acordos com base no diálogo. “Se o adolescente vê o pai no celular o tempo todo, como vai entender que ele mesmo precisa parar?”, questiona.
Além do comportamento, o médico alerta para sinais graves: agressividade, isolamento, queda brusca nas notas, e até o uso de fraldas para evitar pausas durante os jogos. Nesses casos, é hora de buscar ajuda profissional. A combinação entre psicoterapia (especialmente a TCC) e, se necessário, medicação, pode ser o caminho para a recuperação.
“Todo problema digital tem uma solução analógica”, resume Dr. Genner. Reaproximar o adolescente da vida real, estimular práticas esportivas, refeições em família sem telas e, principalmente, criar conexão emocional. Porque, como ele finaliza, “um dia esse jovem vai voltar para casa. E que seja por amor — não por necessidade”.