Dia do Homem: por que a saúde masculina precisa ir além do check-up da próstata


Endocrinologista e urologista  alertam para os sinais silenciosos do corpo que os homens não devem ignorar

Homens vivem em média 7 anos menos que as mulheres no Brasil. Especialistas alertam para os sinais que não devem ser ignorados. (foto: freepik )

15 de julho é o Dia Nacional do Homem, data que ainda passa despercebida por grande parte da população, mas que deveria servir como um alerta: o brasileiro ainda vive menos, se cuida menos e adoece mais do que as mulheres. Dados do Ministério da Saúde mostram que os homens morrem mais por quase todas as causas e faixas etárias até os 80 anos. Além disso, 62% deles só procuram um médico quando os sintomas já se tornaram insuportáveis.

Para a endocrinologista e diretora médica da Atma Soma, Alessandra Rascovski, esse comportamento silencioso é perigoso: “A resistência em buscar ajuda médica é uma barreira que precisamos romper com urgência. Muitos homens estão sofrendo com alterações hormonais importantes, como a andropausa, ou desenvolvendo doenças crônicas como obesidade, diabetes e disfunções da tireoide, sem qualquer acompanhamento. Quando chegam ao consultório, o quadro já está avançado”.

E não é só a endocrinologia que faz esse alerta. O urologista da Atma Soma, Leonardo Lins, lembra que sintomas como disfunção erétil, queda da libido e até alterações urinárias podem estar ligados a distúrbios metabólicos ou cardiovasculares. “A disfunção erétil, por exemplo, pode ser um marcador precoce de doenças do coração. E não é raro vermos pacientes tratando apenas o sintoma, com medicação pontual, sem investigar o que realmente está por trás daquele sinal”.

Hormônios em desequilíbrio: o que o corpo masculino está dizendo?

Segundo dados do Portal da Urologia, da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a andropausa, ou Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), afeta entre 5% e 7% dos homens após os 40 anos, e esse número pode chegar a 30% entre os que têm mais de 60. A prevalência aumenta com a idade, e estima-se que cerca de 20% dos homens acima dos 60 anos apresentam sintomas relacionados ao distúrbio. Além disso, pesquisas com grupos específicos, como hipertensos, apontam uma associação entre a pressão alta e níveis reduzidos de testosterona, indicando que o desequilíbrio hormonal pode estar ligado a outras condições crônicas comuns nessa fase da vida.

De acordo com Alessandra Rascovski, outros sinais que podem indicar alterações hormonais incluem ganho de peso na região abdominal, perda de massa muscular, cansaço excessivo, alterações no sono e irritabilidade. O diagnóstico envolve avaliação clínica, exames laboratoriais e, em alguns casos, exames de imagem.

O papel do urologista vai além do câncer de próstata

A conscientização em torno da prevenção do câncer de próstata cresceu nos últimos anos, mas o urologista alerta: “A saúde do homem não pode ser reduzida a um único exame. A prevenção deve ser abrangente e contínua”. Segundo ele, ainda há muita resistência envolvendo temas como fertilidade, incontinência urinária, saúde sexual e até o câncer de pênis, que afeta milhares de brasileiros a cada ano, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.

“Falar sobre paternidade ativa, planejamento reprodutivo, doenças sexualmente transmissíveis e prevenção de cânceres urológicos é parte do cuidado integral que os homens merecem ter”, afirma Leonardo Lins.

Prevenção: uma jornada que começa no dia a dia

Para ambos os especialistas, cuidar da saúde do homem é mais do que fazer exames anuais. É repensar hábitos, incluir atividade física na rotina, reduzir o consumo de álcool, abandonar o cigarro e priorizar o autocuidado. A mudança de comportamento também passa por derrubar preconceitos e ampliar o entendimento sobre o que é ser homem.

“A saúde do homem não é incompatível com sensibilidade, cuidado e escuta. Reconhecer isso é parte fundamental para mudar esse cenário de adoecimento precoce e silencioso”, finaliza Alessandra Rascovski.

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