Diabetes: um em cada cinco pacientes oncológicos são diabéticos tipo 2


Oncologista explica que as duas enfermidades têm fatores de risco semelhantes associados a hábitos de vida pouco saudáveis

No próximo Dia Mundial do Diabetes (14/11), ações para prevenção e enfrentamento da doença serão promovidas por diversas entidades, assim como avanços no tratamento, inovações científicas e novas descobertas sobre a doença. Um dos estudos nesse sentido foi recentemente publicado no Journal of The National Cancer Institute (JNCI), que mostra a relação entre o diabetes e o câncer, especialmente para casos de tumores de pâncreas, mama, cólon e bexiga. As estimativas indicam que um em cada cinco pacientes oncológicos são diabéticos tipo 2.

Segundo o oncologista Bernardo Garicochea, do Grupo Oncoclínicas, esse assunto vem sendo pesquisado há algum tempo pela medicina, mas não há motivo para pânico. “O câncer e o diabetes (principalmente tipo 2, o mais prevalente) têm vários fatores de risco em comum, como obesidade, tabagismo, envelhecimento, sedentarismo e alimentação não saudável. Então, muitas vezes, elas podem acontecer simultaneamente.”, explica.

Ainda de acordo com o médico,  a obesidade, comum em casos de diabetes tipo 2, é um grande fator de risco para alguns tipos de tumores, como do endométrio. “Ou seja, o estudo faz um retrato epidemiológico das duas doenças, mostrando a prevalência entre elas, mas não uma relação de causa. Esse conhecimento é muito importante, pois o paciente com diabetes e câncer precisa ser acompanhado pelo seu endocrinologista, para ajuste de remédios e efeitos que a quimioterapia, por exemplo, pode ter”, comenta o oncologista.

O diabetes é uma doença metabólica caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue (ou açúcar no sangue), que pode levar ao longo do tempo a danos em órgãos como o coração, vasos sanguíneos, olhos, rins e nervos. Nas últimas três décadas, a prevalência de diabetes tipo 2 aumentou drasticamente em todo o mundo. O diabetes tipo 1, conhecido como insulino-dependente, é uma condição na qual o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina. Cerca de  90% a 95% dos pacientes com diabetes têm o tipo 2, enquanto 5% a 10% têm o tipo 1.

Relação entre as doenças: mão dupla

Uma revisão do tipo “guarda-chuva”, que analisou 27 estudos de metanálise, concluiu que o diabetes tipo 2 aumenta em 10% o risco relativo de desenvolver câncer. Porém, a relação também pode ser invertida: vários novos tratamentos contra o câncer ou o uso de corticoides podem levar ao diabetes ou agravar o diabetes preexistente. Nos últimos anos, com o surgimento das hormonioterapias, imunoterapias e terapias-alvo, o tratamento para o câncer mudou. Apesar dos avanços – que resultaram em aumento das taxas de cura, sobrevida e qualidade de vida dos pacientes -, estes tratamentos podem causar hiperglicemia.

Para prevenir o surgimento das doenças, as medidas são as mesmas: manter o peso adequado, alimentação saudável, prática de exercícios físicos, cuidado com a saúde mental e a baixa ingestão de açúcar. “Apesar de não podermos estabelecer essa causalidade, o que temos é um cenário de duas doenças muito comuns e que podem ser diretamente influenciadas por esses fatores, que são exógenos. Evitar bebidas alcoólicas e tabagismo, além das medidas já citadas, também contribuem para diminuir as chances de surgimento do diabetes e do câncer”, finaliza Bernardo Garicochea.

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