O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível em todo o mundo. Há vários tipos de glaucoma, entre eles o juvenil. Estima-se que até 2040, os casos de glaucoma irão praticamente dobrar. O aumento previsto é de 48%.
Segundo a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, o glaucoma juvenil é uma neuropatia óptica, que costuma se manifestar em crianças a partir dos cinco anos, adolescentes e em jovens adultos.
“Primeiramente, é importante dizer que glaucoma é o termo geral que denomina uma série de condições que podem causar danos ao nervo óptico. O principal fator de risco para desenvolver a patologia é o aumento da pressão intraocular (PIO)”, explica.
A prevalência do glaucoma juvenil é relativamente pequena, 1 caso em cada 44 mil pessoas. Mas, as consequências da falta de diagnóstico e tratamento podem ser devastadoras.
Sem sintomas
A especialista reforça que, a princípio, o glaucoma juvenil não causa sintomas. “Por isso, o diagnóstico, em muitos casos, acontece nos exames oftalmológicos de rotina. Infelizmente, a presença de sintomas pode indicar um estágio mais avançado da doença”.
O aumento da pressão intraocular (PIO) causa danos no nervo óptico. Por sua vez, esses danos podem afetar o campo visual e levar à perda da visão.
“É muito comum recebermos para consultas de rotina crianças e adolescentes com queixas de dor de cabeça e alterações na visão. Embora, na maioria dos casos esses sintomas não estão ligados ao glaucoma juvenil, é exatamente nesses exames que o diagnóstico é feito”, conta Dra. Maria Beatriz.
Outro ponto de atenção é que a miopia afeta 50% das crianças e adolescentes com o diagnóstico de glaucoma juvenil.
“Esse é um fator importante. Sempre que o oftalmologista detectar a presença de miopia em crianças e adolescentes, é recomendado realizar um exame para avaliar a pressão intraocular e o nervo óptico”.
Histórico Familiar deve ser sinal de alerta
O glaucoma tem um componente genético muito importante. Isso quer dizer que pessoas com histórico familiar da doença precisam fazer um acompanhamento periódico com um oftalmologista.
“Quando há casos de glaucoma em parentes de primeiro grau, como pais e irmãos, o ideal é procurar um oftalmologista ainda no primeiro ano de vida e realizar o acompanhamento de forma regular ao longo da adolescência e da vida adulta”, ressalta Dra. Maria Beatriz.
Mutação genética
Atualmente, estudos apontam que o glaucoma juvenil está ligado a uma mutação genética cujo resultado seria uma alteração no funcionamento da malha trabecular. Essa estrutura é responsável pela drenagem do humor aquoso.
“A drenagem do humor aquoso deve ser constante para manter a pressão intraocular (PIO) equilibrada. Entretanto, quando há alguma alteração no escoamento da substância, ela se acumula e leva ao aumento da pressão intraocular (PIO). O resultado de uma PIO alta é a destruição das células do nervo óptico”, relata Dra. Maria Beatriz.
O nervo óptico é responsável pela ligação entre o olho e o cérebro. Quando há lesões nessa área, as informações visuais captadas pelos olhos não podem ser transmitidas para o processamento cerebral. Além disso, as lesões são irreversíveis. Portanto, a cegueira causada pelo glaucoma é definitiva.
Sob controle
O tratamento do glaucoma tem como principal objetivo controlar a pressão intraocular (PIO) para evitar danos no nervo ótico. O glaucoma não tem cura, mas pode ser controlado.
“O glaucoma juvenil pode ser tratado colírios para controlar a pressão intraocular. Em outros casos, pode ser necessário realizar procedimentos cirúrgicos para melhorar a drenagem do humor aquoso para controlar a pressão intraocular. Mas, cada caso é avaliado e tratado de forma individual”, reforça a médica.
Por fim, a recomendação da especialista é que os pais adotem uma rotina de prevenção desde o nascimento.
“O ideal é levar o bebê ainda no primeiro ano de vida para uma consulta oftalmológica de rotina. Quando houver histórico familiar de glaucoma, o acompanhamento também deve ser regular. É importante ainda prestar atenção nas queixas de dor de cabeça e cansaço visual e levar a criança para ser avaliada”, finaliza Dra. Maria Beatriz.