No Dia Mundial da Síndrome de Down, médica ginecologista e obstetra comenta os riscos de uma gravidez tardia, mesmo nos casos de congelamento de óvulos;
O dia 21 de março marca o Dia Mundial da Síndrome de Down, uma data de conscientização global para celebrar a vida das pessoas com a síndrome. O dia escolhido representa a triplicação (trissomia) do 21º cromossomo que causa a síndrome. Em referência à data, a ginecologista e obstetra Camila Ramos fala sobre os riscos de acometimento pela síndrome para filhos de mães de gravidez tardia: Mas, afinal, engravidar após os 40 anos, mesmo com óvulos congelados, aumenta o risco do bebê ter Síndrome de Down?
É bem verdade que a gravidez de mulheres acima dos 40 anos não causa mais espanto. Muitas pessoas que já passaram dessa idade sonham com a possibilidade de serem mães. Um exemplo recente é a atriz Viviane Araújo que, aos 46 anos de idade e após passar por uma fertilização in vitro, anunciou que está grávida de três meses. O método usado pela rainha de bateria é uma alternativa que ainda suscita dúvidas, especialmente sobre a saúde da criança. No entanto, a ginecologista e obstetra Camila Ramos (@dracamilaramos) logo trata de desmistificar a questão e explica que o acometimento da síndrome pode estar ligado à idade da mãe, mas nunca ao processo de congelamento dos óvulos.
“O risco de síndromes genéticas, como a síndrome de down, aumenta conforme a idade. Então, o risco de ter um bebê com alguma síndrome genética vai ser o risco da idade da mulher de quando ela congelou os óvulos, não importando a idade de quando ela for usá-los. Vale lembrar que apesar de aumentar o risco conforme a idade, o aparecimento da síndrome pode acontecer em qualquer gestação, incluindo a de mulheres na casa dos 20 anos”, comenta Camila.
Existe um conjunto de alterações associadas à SD que exigem especial atenção e necessitam de exames específicos para sua identificação, são elas: cardiopatia congênitas, alterações oftalmológicas, auditivas, do sistema digestório, endocrinológica, do aparelho locomotor, neurológicas, hematológicas e ortodônticas. Estudos nacionais revelam também, alta prevalência de doença celíaca (5,6%) em crianças com SD, que em caso de suspeita devem ser acompanhadas por especialistas.
Não há relação entre as características físicas e um maior ou menor comprometimento intelectual – o desenvolvimento dos indivíduos está intimamente relacionado aos estímulos e aos incentivos que recebem, sobretudo nos primeiros anos de vida, e a carga genética herdada de seus pais, como qualquer pessoa.
Já para quem deseja engravidar após os 40 anos, é preciso saber que as chances são menores, uma vez que a reserva de óvulos diminui significativamente com a idade, e os óvulos mais velhos são mais propensos a desenvolver problemas, aumentando o risco de aborto e anomalias ao nascimento. Diante disso, a Dra. Camila Ramos aconselha o congelamento dos óvulos bem antes dos 40.
-“O ideal é que se congele antes dos 35 anos devido a quantidade e qualidade dos óvulos”, pontua a ginecologista e obstetra.
Apesar disso, também existem benefícios em gestar após os 40. Estudos demonstram que as mães mais velhas são, em geral, mais instruídas, têm carreiras profissionais mais consolidadas e são mais propensas a amamentar. A partir de suas experiências de vida, são mais aptas a tomar decisões familiares mais saudáveis e inteligentes. O mais importante é conhecer os riscos e se preparar antes de engravidar neste período da vida.