Levantamento da Universidade de Chicago, nos EUA, alerta sobre cuidados na hora
do banho; queimaduras em geral são a quinta causa de lesões não fatais na infância.
Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein
A água corrente da torneira merece atenção redobrada, pois está por trás da maioria das queimaduras no banho em crianças, segundo mostra um levantamento americano feito por médicos da Universidade de Chicago. O estudo reforça a necessidade de cuidados nessa hora, especialmente no inverno. Queimaduras em geral são a quinta causa de lesões não fatais na infância, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, entre março de 2021 e março de 2022, foram cerca de 2.300 internações em crianças de 0 a 14 anos por contato com água ou outros líquidos ferventes, de acordo com dados do DataSUS. O maior grupo de risco está na faixa etária de 1 a 4 anos, e a maioria dos acidentes ocorre em casa.
Após avaliar 101 casos registrados no Centro de Queimaduras da universidade dos EUA nos últimos dez anos, os números revelaram que 95% das queimaduras no banho envolviam a água corrente. Segundo os autores, quando o banho ocorre na banheira, é comum o adulto checar a temperatura da banheira e nunca deixar a criança sozinha. Mas também é preciso alertar para não colocar os pequenos na água enquanto ainda está enchendo o recipiente e evitar torneiras ao alcance da mão, que podem ser acionadas facilmente sem querer.
“A imersão em líquidos quentes demais ocorre geralmente em bebês e pessoas que não conseguem se locomover sozinhas e pode ser especialmente grave quanto mais prolongado o banho”, explica a pediatra Tania Zamataro, do Hospital Israelita Albert Einstein e presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade de Pediatria de São Paulo. A queimadura em bebês pode ocorrer em segundos, deixando sequelas físicas e psicológicas. Além disso, como possuem uma superfície corporal comparativamente maior e a pele fina, as lesões podem ser mais graves.
Esses acidentes costumam causar lesões em formato de circunferência tipo “bota” ou “luva” (em torno dos membros superiores e inferiores) ou queimaduras de períneo e dos genitais. “Profissionais da saúde também devem se atentar quanto à possibilidade de lesão não-acidental, por maus-tratos”, diz a especialista.
A pediatra explica que, se tiver qualquer queimadura, a orientação é resfriar a lesão (caso o paciente esteja estável) com água corrente ou compressas frias durante 20 a 30 minutos. Evite usar gelo pelo risco de hipotermia, principalmente se a queimadura for muito extensa. Depois, seque o local delicadamente com um pano limpo e, se o ferimento apresentar bolhas, evite rompê-las. Após a pele ter sido resfriada, a criança deve ser mantida aquecida.
A orientação, diz a médica, é não usar produtos caseiros como talco, manteiga ou pasta de dente, que podem piorar a lesão. No máximo, lave o local com sabão neutro. O ideal é oferecer líquidos e, se tiver dor, administrar analgésicos comuns como paracetamol ou ibuprofeno.
Classificação das queimaduras
Dependendo do dano, podem ser queimaduras de 1º, 2º ou 3º graus. As de 1º grau atingem apenas a camada superficial da pele, que fica vermelha e dolorida, sem deixar bolhas. As de 2º grau formam bolhas e causam inchaço e dor. São muito comuns nas queimaduras por líquidos. Dependendo da profundidade, podem curar em duas semanas sem deixar marcas, ou levar várias semanas e causar cicatrizes. Já as de 3º grau atingem todas as camadas da pele, a ferida é seca, branca ou marrom, e doem menos por danificarem os nervos. São mais comuns nos acidentes com chamas ou eletricidade.
As queimaduras também são classificadas pela extensão e tamanho da área corporal atingida.
Cuidados para evitar acidentes na hora do banho:
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