Um dos sintomas mais frequentes relatados por pacientes com a chamada Covid de longa duração, a “névoa cerebral” ainda é uma incógnita para os cientistas. Um estudo recente publicado no último dia 8, na revista especializada Cancer Cell, porém, parece ter encontrado uma explicação.
Para a equipe multidisciplinar de pesquisadores do Memorial Sloan Kettering (MSK), esse sintoma — que envolve confusão mental, dores de cabeça e perda de memória de curto prazo — pode ser uma consequência da presença de moléculas inflamatórias no líquido cefalorraquidiano, que fica ao redor do cérebro e da medula espinhal.
O estudo se concentrou em 18 pacientes hospitalizados no MSK com Covid-19 com problemas neurológicos graves. De início, essas pessoas passaram por uma avaliação neurológica completa, mas os médicos não encontraram nenhuma explicação para a “névoa cerebral” nas imagens.
Desta forma, os pesquisadores procuraram a resposta no líquido cefalorraquidiano, mas também não encontraram nenhum rastro do vírus. No entanto, os médicos descobriram que os pacientes apresentavam inflamação persistente e altos níveis de citocinas no líquido, o que explicava os sintomas que apresentavam, de acordo com Jan Remsik, coautor do estudo.
As citocinas são produzidas quando o corpo está passando por uma ativação do sistema imunológico ante um processo inflamatório. Produzidas em demasia, essas proteínas contribuem para o descontrole mental.
“Costumávamos pensar que o sistema nervoso era um órgão com privilégios imunológicos, o que significa que não tinha nenhum tipo de relação com o sistema imunológico. Mas quanto mais olhamos, mais encontramos conexões entre os dois”, disse a médica-cientista Adrienne Boire em entrevista destacada no site do MSK.
CNN BRASIL