Estudo associa maconha a transtornos de ansiedade


Nos últimos anos, vários estados norte-americanos e também o Canadá legalizaram o uso medicinal e até recreativo da maconha. Mas uma pesquisa canadense sugere uma possível ligação entre o uso de cannabis e o aumento dos casos de transtornos de ansiedade no país.

Em termos gerais, a legalização nos EUA resultou no aumento no uso de maconha e numa queda nas vendas de álcool, cigarros e medicamentos para dor – particularmente entre adultos mais jovens.

Em termos econômicos, uma pesquisa publicada no final do ano passado mostrou que “após a legalização, a renda média dos estados cresceu 3%, os preços das casas, 6% e a população, 2%. No entanto, os transtornos relacionados ao uso de substâncias, a falta de moradia crônica e as prisões aumentaram 17, 35 e 13%, respectivamente.”

Com base nesse cenário, um estudo recém-publicado por pesquisadores canadenses sugere que o uso de maconha pode levar a novos transtornos de ansiedade. Eles descobriram que 27% dos pacientes admitidos em pronto-socorros por problemas relacionados à cannabis também desenvolveram um transtorno de ansiedade três anos depois.

“Nossos resultados sugerem que os indivíduos que necessitam de tratamento no pronto-socorro devido ao uso de cannabis estavam substancialmente em maior risco de desenvolver um novo transtorno de ansiedade e experimentar piora de transtornos de ansiedade já existentes”, explicou o médico e autor principal Daniel Myran, do Programa de Epidemiologia Clínica no Instituto de Pesquisa do Hospital de Ottawa, em um comunicado à imprensa.

A equipe de pesquisadores relatou vários resultados críticos, como os seguintes:

– O estudo sugere que, em três anos de visitas ao pronto-socorro, 27,5% dos pacientes receberam um diagnóstico de transtorno de ansiedade, em comparação com 5,6% da população em geral.

– Dentro do mesmo período de tempo, 12,3% desses pacientes que já tinham um transtorno de ansiedade encontraram-se hospitalizados por causa da condição, ou seja, pioraram. Isso se compara a 1,2% da população em geral.

– Para aqueles admitidos por causa da cannabis, o risco de hospitalização ou visita ao pronto-socorro por um transtorno de ansiedade aumentou quase 10 vezes em relação ao paciente médio.

– Embora o risco permanecesse (em grande parte) constante independentemente da idade ou gênero, adultos mais jovens (entre 10 e 24 anos) e homens se encontraram ligeiramente em maior risco.

Apesar dos dados, os pesquisadores esclarecem que não é possível atribuir causalidade.

“O uso de cannabis aumentou rapidamente no Canadá nos últimos 15 anos e há uma sensação geral de que a cannabis é relativamente inofensiva ou tem benefícios para a saúde. Nosso estudo alerta que, em alguns indivíduos, o uso pesado de cannabis pode aumentar o risco de desenvolver transtornos de ansiedade”, acrescentou Myran.

O estudo, publicado no The Lancet e divulgado no Psychiatrist.com, investigou mais de 12 milhões de residentes de Ontário, Canadá, entre 2008 e 2019, tornando-o o maior estudo do tipo. Nenhum dos pacientes havia recebido anteriormente um diagnóstico ou tratamento para ansiedade.

Os pesquisadores, do Instituto de Pesquisa Bruyère, do Departamento de Medicina Familiar da Universidade de Ottawa, e do Hospital de Ottawa examinaram os dados de registros de saúde para comparar os resultados dos pacientes do pronto-socorro com a população em geral. O trabalho foi financiado pelos Institutos Canadenses de Pesquisa em Saúde.

DOUTOR JAIRO – UOL

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