Estudo diz que ter alguém que nos ouça melhora a saúde do cérebro


Cada nova pesquisa que é divulgada ratifica estudos anteriores mostrando como o isolamento tem um impacto negativo e profundo. Recém-saído do forno, trabalhopublicado no periódico médico “JAMA Network Open” mostra a relação entre ter alguém com quem se possa conversar e uma melhor resiliência cognitiva – essa é uma medida para avaliar a habilidade do cérebro de funcionar melhor do que o esperado numa determinada idade ou num quadro com alterações provocadas por enfermidades.

De acordo com Joel Salinas, professor de neurologia da Harvard Medical School, a resiliência cognitiva pode ser considerada uma espécie de amortecedor para o envelhecimento do cérebro. Exercício, interações sociais positivas e atividades que estimulem a mente são capazes de alimentar esse “colchão” que atenua os efeitos da idade. “As pessoas podem tomar providências, para si mesmas ou para entes queridos, a fim de aumentar as chances de diminuir o declínio cognitivo ou retardar o desenvolvimento dos sintomas do Alzheimer, o que é da maior importância uma vez que não há cura para a doença”, disse.

Os pesquisadores se basearam em dados fornecidos por 2.171 participantes de um estudo, com idade média de 63 anos, que vêm sendo acompanhados ao longo dos anos. Sua resiliência cognitiva era medida pela relação entre o volume cerebral e o padrão de cognição – volumes menores são associados a funções cognitivas mais frágeis. O interessante é que o trabalho foi capaz de mapear os danos de uma interação social de baixa qualidade na faixa dos 40 e 50 anos. Aqueles sem interlocutores com os quais pudessem dialogar e desabafar eram quatro anos “mais velhos” que seus pares que dispunham de um bom ombro amigo. “Esses quatro anos são preciosos”, afirmou o médico. “Frequentemente pensamos em proteger o cérebro quando estamos mais velhos, depois de termos perdido décadas sem construir hábitos que mantenham a saúde do órgão”, acrescentou. O doutor Salinas recomenda que os médicos incluam na consulta uma pergunta aos pacientes sobre se eles têm alguém com quem conversar.

Um outro levantamento, divulgado mês passado, trilhava caminho semelhante, ao mostrar que manter o cérebro ativo pode retardar a Doença de Alzheimer em cinco anos. Publicada na revista científica “Neurology”, da Academia Americana de Neurologia, a pesquisa acompanhou quase 2 mil pessoas com idade média de 80 anos que não apresentavam demência no começo do estudo, quando revelavam a frequência com que se dedicavam a atividades que incluíam ler, ou se dedicar a jogos como damas, cartas ou quebra-cabeça. Esses indivíduos foram avaliados por cerca de sete anos, sendo submetidos anualmente a testes para avaliar suas funções cognitivas. Os de maior engajamento em atividades que estimulavam o cérebro tiveram cinco anos a mais sem sinais de demência do que seus companheiros.

G1 Bem Estar

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