Um simples exame de sangue durante a gestação pode indicar com até 83% de precisão o risco de depressão pós-parto, quadro que acomete entre 10% a 20% das mulheres e os sintomas se tornam mais evidentes entre quatro a seis semanas após o parto.
Essa é a conclusão de um estudo publicado em 26 de janeiro de 2022, na revista científica Nature. O trabalho foi realizado por pesquisadores americanos do Instituto Van Andel e da Universidade Estadual de Michigan.
De acordo com os autores do estudo, 15 biomarcadores encontrados no sangue de mulheres grávidas são os responsáveis por indicar possíveis ocorrências de sintomas da depressão.
A pesquisa foi realizada com 114 voluntárias, com média de 26 anos de idade (variando entre 18 e 44 anos).
Quais os principais resultados
Ao final do trabalho, 37 das 114 mulheres, o equivalente a 32%, apresentaram sintomas depressivos significativos em um ou mais momentos.
A porcentagem de mulheres com sintomas depressivos significativos foi de 19,3%, 13,6%, 15,8% e 14,1% durante o 1º, 2º e 3º trimestre e no pós-parto, respectivamente.
O estudo indicou ainda que 14% das participantes chegaram a ter pensamentos suicidas ao longo da gravidez.
Como identificar a depressão pós-parto?
Na depressão pós-parto, a tristeza se aprofunda, as oscilações de humor ficam mais intensas e a mulher passa a mostrar desinteresse tanto por si mesma quanto pelo bebê. Sem tratamento, há grande risco de a depressão se tornar crônica.
“A depressão não é algo que ocorre apenas no cérebro. As suas “impressões digitais” estão em todas as partes do corpo, incluindo no sangue. Poder prever a depressão relativa à gravidez e sua severidade será um divisor de águas para proteger a saúde das mães e seus filhos”, afirmou à CNN, a médica Lena Brundin, uma das coordenadoras do estudo.
No Brasil, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) estima que uma em cada quatro mulheres vai desenvolver o quadro —visto ainda como tabu e pouco abordado nas conversas familiares.
As mudanças hormonais enfrentadas pelas mulheres ao longo da gestação são uma das principais causas do quadro— como os níveis de progesterona e o estrógeno, que mudam de forma abrupta após o parto.
A ocitocina, conhecida como “hormônio do amor”, que auxilia no processo do nascimento e injeção do leite materno, também sofre alterações. A sobrecarga de tarefas e o sono irregular também podem ser considerados vilões nesta fase.
*Com informações da reportagem publicada em 22/03/2021.
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