Pesquisadores coletaram dados clínicos de mais de 1,4 mil adultos saudáveis sem sinais de doença ativa
Uma ou duas vezes por dia é a frequência ideal para evacuar (foto: freepik)
Com que frequência é necessário defecar? Um estudo divulgado nesta terça-feira na revista Cell Reports Medicine revela que uma ou duas vezes por dia melhora a saúde a longo prazo. Pesquisas anteriores têm ligado a constipação e a diarreia a maiores riscos de infecções e condições neurodegenerativas, respectivamente. No entanto, esses resultados foram observados em pacientes doentes.
“Espero que este trabalho abra um pouco a mente dos médicos para os potenciais riscos de não controlar a frequência das evacuações”, disse à AFP Sean Gibbons, autor principal do estudo, que afirma que os médicos geralmente consideram evacuações irregulares apenas um “incômodo”.
Gibbons e sua equipe coletaram dados clínicos, de estilo de vida e biológicos — incluindo dados de química sanguínea, microbioma intestinal e genética, entre outros — de mais de 1,4 mil adultos saudáveis sem sinais de doença ativa.
As frequências de evacuação autodeclaradas pelos participantes foram classificadas em quatro grupos: constipação (uma ou duas evacuações por semana), normal-baixa (de três a seis por semana), normal-alta (de uma a três por dia) e diarreia. Quando as fezes permanecem por muito tempo no intestino, as bactérias, em vez de digerirem a fibra disponível, fermentam proteínas, produzindo toxinas.
“Descobrimos que, mesmo em pessoas saudáveis com constipação, há um aumento dessas toxinas na corrente sanguínea”, que são especialmente prejudiciais aos rins, explica Gibbons.
Nos casos de diarreia, a equipe encontrou análises químicas clínicas que indicam inflamação e dano hepático. Gibbons explicou que durante a diarreia, o organismo excreta um excesso de ácido biliar, que o fígado reciclaria para dissolver e absorver as gorduras da dieta.
As bactérias intestinais conhecidas como “anaeróbias estritas”, associadas à boa saúde, prosperam com uma ou duas evacuações por dia, embora sejam necessários mais estudos para corroborar isso. Segundo Gibbons, para alcançar essa frequência é necessário consumir frutas e vegetais, beber bastante água, praticar exercício físico regularmente e seguir uma dieta predominantemente vegetariana.