Os resultados mostraram que a alta prevalência de deficiência de vitamina D observada durante o verão em indivíduos saudáveis indica que o Brasil é um país de risco de deficiência de vitamina D, com prevalência próxima a países europeus
Um estudo foi realizado buscando estimar os níveis de vitamina D e sua associação com estilo de vida, fatores sociodemográficos e medidas corporais em residentes de Salvador, Curitiba e São Paulo, cidades de diferentes regiões do Brasil. Os resultados mostraram que a alta prevalência de deficiência de vitamina D observada durante o verão em indivíduos saudáveis indica que o Brasil é um país de risco de deficiência de vitamina D, com prevalência próxima a países europeus.
Essa deficiência pode ser pior em cidades como São Paulo e Curitiba durante o inverno, do que em Salvador, uma vez que o nível de vitamina D nessa época do ano tende a cair 30%. O estudo, coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Edson Moreira, é o primeiro representativo que investigou os níveis de vitamina D em uma população saudável no Brasil. O trabalho foi publicado no Journal of the Endocrine Society.
A vitamina D é responsável por manter as propriedades do cálcio e o funcionamento saudável do organismo por conta de suas ações no intestino, rim, ossos e glândulas. Sua deficiência pode acarretar problemas sérios de saúde, como osteoporose, além de causar fraqueza muscular, aumento do risco de quedas ou fraturas.
Os dados da pesquisa foram adquiridos a partir de amostras de sangue de 1.004 doadores de ambos os sexos, durante o verão, no período de dezembro de 2020 a março de 2021. Informações sobre estilo de vida, sociodemográficos e medidas do corpo foram coletadas por meio de uma entrevista com um questionário padronizado. Foi considerado com insuficiência de vitamina D indivíduos com níveis abaixo de 30 ng/mL e com deficiência as pessoas com níveis abaixo de 20 ng/mL.
A prevalência de deficiência foi de 15,3% e insuficiência de 50,9% no geral. Discriminando por cidade, a prevalência foi 12,1% de deficiência e 47,6% de insuficiência em Salvador; 20,5% e 52,4% em São Paulo e 12,7% e 52,1% em Curitiba. Maior índice de massa corporal (IMC) e maior latitude do local onde o indivíduo vive foram preditores significativos de deficiência de vitamina D, enquanto a cor da pele (branca), tempos de exposição aos raios solares e uso atual de suplemento dietético foram protetores.
Esses dados podem motivar os gestores a promover ações que incentivem a população a aumentar a atividade física ao ar livre, principalmente em regiões com alta disponibilidade de sol. No Brasil não existe uma política de fortificação de alimentos com vitamina D, como ocorre em outros países como o Canadá e Finlândia. No entanto, os dados indicam que mesmo saudáveis pessoas que vivem nos trópicos se beneficiam da adição de vitamina D nos alimentos para evitar a deficiência.
REVISTA GALILEU