Fevereiro Laranja: campanha reforça a conscientização sobre a leucemia


Segundo estimativas, a doença deve atingir cerca de 10 mil pessoas em 2021

De acordo com dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), pelo menos 10 mil novos casos de leucemia serão diagnosticados em 2021. Para diminuir o impacto da doença, a campanha Fevereiro Laranja foi criada. O objetivo é conscientizar e estimular o diagnóstico precoce e a doação de medula para transplantes.

Segundo a dra. Sara Rigo, médica hematologista , a leucemia é um câncer que afeta a produção de células sanguíneas da medula óssea, local onde o sangue é produzido no organismo, gerando, assim, uma produção anormal das células do sangue.

“A doença pode ser dividida em aguda e crônica, de acordo com a velocidade de crescimento das células doentes e de acordo com o tipo de células afetadas (mielóides ou linfóides.) Portanto, de forma geral, são 4 tipos primários de leucemias:  mielóide aguda (LMA), mielóide crônica (LMC), linfoblástica aguda (LLA) e linfóide crônica (LLC)”, elucida a médica.

Sem formas específicas para a prevenção, a leucemia tem o diagnóstico precoce e o monitoramento frequente da saúde como principais fatores para o sucesso do tratamento. Por isso, de acordo com a Hematologista, a campanha deste mês, chamada de Fevereiro Laranja, é essencial.

“São doenças graves e que devem ter diagnóstico precoce para que haja bons resultados com o tratamento. O cidadão, sabendo da existência da doença e dos seus sintomas, pode auxiliar na identificação dos sinais e procurar atendimento médico de forma rápida”, aponta a hematologista.

Sobre a doença
Segundo a médica, a leucemia se manifesta de maneiras diferentes, de acordo com o seu tipo específico, reforçando ainda mais a importância de se conhecer a doença para compreender seus sinais e sintomas de forma antecipada.

“Na forma aguda, há uma produção excessiva das células da leucemia, conhecidas como blastos, prejudicando a produção de células saudáveis na medula óssea, evoluindo com anemia grave, redução de células de defesa e coagulação, o que gera fraqueza intensa, febre, infecções, hematomas pelo corpo e sangramentos, um quadro clínico mais grave. Já na forma crônica, a produção das células doentes acaba interferindo menos na produção das saudáveis, portanto, resulta em pouco ou nenhum sintoma em sua forma inicial, gerando sinais a longo prazo como emagrecimento, aumento de nódulos linfáticos, baço. Somente numa fase mais avançada ocorre a redução das células saudáveis e sintomas semelhantes à leucemia aguda”, orienta a especialista.

Alguns fatores de risco podem aumentar a chance de desenvolver algum tipo de leucemia, dentre eles: exposição a produtos químicos como o benzeno; exposição à radiação; tratamentos quimioterápicos prévios e doenças genéticas. Para Sara, no entanto, outros fatores também devem ser levados em consideração.

“A LMA possui maior risco com aumento da idade, sendo mais comum acima dos 60 anos. A LMC apresenta incidência pouco maior em homens do que mulheres. Já a LLA é a leucemia com maior incidência na infância, sendo o câncer mais comum em crianças”, esclarece a doutora Sara Rigo.

Tratamento
Para tratar a doença, técnicas como a quimioterapia são utilizadas, mas os protocolos podem variar de acordo com cada tipo de leucemia e, também, das condições do paciente.

“Nas formas agudas, o tratamento é com quimioterapia em altas doses, o que leva à destruição das células doentes. Nesse sentido, por serem tratamentos com medicamentos tóxicos para o sangue, os protocolos também reduzem as células saudáveis do sangue, gerando a necessidade de internação hospitalar pelo risco de infecções e a necessidade de múltiplas transfusões. Na LMC, o tratamento é ambulatorial e utiliza medicamentos via oral de forma contínua, com baixa toxicidade”, relata a médica.

Outra forma de tratar a leucemia é por meio do transplante de medula óssea, que consiste na substituição de uma medula óssea doente por células normais, reconstituindo-a de forma saudável. “Ele é indicado nas leucemias agudas que tenham maior risco para recaída da doença, como idade do paciente, alterações genéticas de alto risco e resistência ao tratamento inicial. Nas leucemias crônicas, eles têm pouco benefício, sendo raramente indicado em casos selecionados “, acrescenta Sara.

Para ser doador de medula é simples: basta comparecer a um hemocentro e realizar seu cadastro de doador, que será finalizado com a coleta de uma amostra de sangue, onde será avaliado a sua tipagem da medula óssea. O cadastro com tipagem de medula ficará disponível no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) e, quando houver algum paciente com medula compatível com a sua, você será chamado ao hemocentro para novos testes de compatibilidade e se compatível, para coleta de medula óssea.

“A compatibilidade de medula não é algo comum, mas se você for compatível, pode salvar uma vida!”, incentiva a médica

 

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