Novidade abre possibilidades para o tratamento de doenças inflamatórias crônicas como artrite, artrose, fibromialgia e colites ulcerativas
Um fitoterápico desenvolvido no Rio Grande do Norte à base do vegetal Croton cajucara Benth, típico da Amazônia brasileira, ganhou o consentimento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e recebeu Carta Patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Conhecida popularmente como Sacaca, a planta foi objeto de estudo para pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Potiguar (PPGB-UnP) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que a transformaram em um fitoterápico para uso oral destinado ao tratamento de inflamações crônicas como artrite, artrose, fibromialgia e colites ulcerativas.
A pesquisa contou com a idealização e orientação da professora doutora Maria Aparecida Medeiros Maciel, que já estuda o vegetal desde 1991 e tem mais de 50 artigos publicados sobre a aplicação da planta na área da saúde. Na descoberta atual, os estudos foram realizados pelo professor Magnaldo Inácio Tavares Medeiros (egresso do PPGB-UnP) e Daniel Luiz de Medeiros (egresso do curso de medicina, que atuou na pesquisa como aluno de Iniciação Científica), bem como Joherbson Deivid dos Santos Pereira (doutorando do curso de biotecnologia da Rede Renorbio/UFRN) e professor doutor Frederico Argolo (UFRRJ).
Na pesquisa, o professor Magnaldo Medeiros, em parceria com a UFRRJ, desenvolveu a parte aplicativa, que em função da qualidade dos experimentos in vivo (realizados no biotério da UnP), e dos resultados obtidos, possibilitou a anuência da ANVISA, para o novo produto fitoterapêutico.
Já conhecido no meio científico, graças ao seu potencial medicinal, o vegetal Croton cajucara vem ganhando espaço em pesquisas nacionais e internacionais. “A equipe envolvida no projeto local considera a conquista de extrema relevância, já que a utilização de plantas medicinais e seus produtos derivados aplicados em diversos tratamentos de saúde, remete à prática milenar fitoterapêutica, que nas últimas décadas têm se beneficiado pelo desenvolvimento de novos sistemas carreadores de fármacos”, afirma Maria Aparecida.
Para a eficácia científica do medicamento desenvolvido, que está na área da nanobiotecnologia, foi necessário um esforço interdisciplinar que reúne conhecimentos sobre química de produtos naturais, química de interface, farmacologia e bioquímica.
O produto recebeu Carta Patente do INPI sob a numeração BR102016014237-7 e está disponibilizado pela equipe para o setor da indústria farmacêutica. “Nesta perspectiva, diante da validação científica deste vegetal, há de se considerar o desenvolvimento de novas formulações e suas diferentes aplicações”, complementa.
A recente descoberta se junta a outros estudos sobre o uso medicinal do vegetal no Brasil há pelo menos 20 anos. Sua aplicação na área da saúde vem sendo estudada há pelo menos 20 anos e passou a fazer parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (Lista Renisus), com recomendação de uso pelo Sistema Único de Saúde (SUS).