Frustração pode afetar a autoestima e gerar problemas psicológicos


Transtorno mental afeta cerca de um bilhão de pessoas no mundo

Juliana Casado Psicóloga clínica e organizacional; neuropsicóloga; especialista em saúde mental; pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos; especialista em Gestalt-Terapia; escritora e palestrante; fundadora da JC consultora- educação emocional integrada; idealizadora do baralho da autoestima – “A coragem de conhecer quem você é”; autora do ebook “afinal quem é você: Olhando para a sua caminhada”; coautora do baralho terapêutico: desfazendo os nós da relação amorosa; coautora do livro “Reconstruindo relacionamentos saudáveis (Codependênciaemocional)” (foto: divulgação)

A frustração é uma emoção universal, que surge quando as expectativas não são atendidas, podendo afetar a autoestima do indivíduo e impactar em diversos aspectos da vida, gerando, inclusive transtornos mentais responsáveis por afetar cerca de um bilhão de pessoas no mundo. Ansiedade e depressão, por exemplo, atingem mais de 300 milhões de pessoas de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Pessoas que têm dificuldade em lidar com a frustração muitas vezes associam seu valor apenas ao sucesso. Quando não conseguem alcançar suas metas, sua autoconfiança — um dos pilares da autoestima — é severamente abalada. Isso pode resultar em sentimentos de inadequação, comparações desfavoráveis com os outros, excessiva cobrança sobre si mesmos e perda da motivação, interferindo diretamente na saúde mental”, explica a psicóloga Juliana Casado.

Ela, que também é neuropsicóloga, ressalta que a frustração pode interferir em diversos aspectos, como ambiente de trabalho, relacionamentos, vida financeira e até mesmo na prática de autocuidado.

“Quando não elaborada, a frustração pode afastar a pessoa de uma relação saudável consigo mesma, fazendo com que ela se concentre mais nas relações com os outros. Isso resulta na perda do poder de tomar decisões e na incapacidade de transformar oportunidades em crescimento pessoal”, diz Juliana.

Para ela, as redes sociais exercem uma influência complexa na percepção da autoestima e da frustração. Segundo a especialista por um lado, elas podem se tornar uma fonte de comparação e pressão, enquanto, por outro, oferecem oportunidades valiosas de informação e troca de experiências.

“Um aspecto crítico a ser considerado é o tempo de exposição nas redes sociais, que pode criar uma falsa impressão de um mundo ideal. Essa constante comparação pode gerar um sentimento de inadequação, afetando negativamente a autoestima. Além disso, a busca por curtidas e comentários muitas vezes se transforma em uma forma de validação pessoal. Quando essa validação não é alcançada, pode resultar em frustração e autoavaliação negativa”, relata.

Juliana analisa ainda como a frustração pode afetar os relacionamentos amorosos. “A comunicação se torna confusa e agressiva, dificultando a busca por soluções. A desconexão emocional pode se intensificar, levando a um distanciamento entre os parceiros. Além disso, as falhas do outro podem ser amplificadas, prejudicando a percepção positiva da relação”, diz.

Ela relata que a autorresponsabilidade e a auto aceitação são essenciais para uma autoestima saudável e melhor convivência com o próximo. “Quando as pessoas culpam terceiros por suas frustrações, a sensação de impotência aumenta, levando à paralisia”, diz.

Para ela, a forma de evitar o impacto na autoestima e nos relacionamentos é aderindo a estratégias de autocuidado e, se necessário, apoio terapêutico, transformando a frustração em crescimento pessoal e emocional.

“O primeiro passo é investir no autoconhecimento. Entender suas próprias necessidades e sua história ajuda a evitar comparações prejudiciais. Além disso, estabelecer metas realistas e aprender a cuidar dos pensamentos são ações fundamentais. Lembre-se: você não é seus pensamentos, mas a consciência que dialoga com eles”, enfatiza.

Juliana também se refere a terapia como uma prática complementar ao autocuidado. “É um ambiente seguro para explorar e refletir sobre a própria história de vida. Esse espaço permite que os indivíduos fortaleçam sua autoestima e desenvolvam novas habilidades”, conclui.

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