Pesquisa revela que a combinação entre obesidade abdominal e perda de massa magra aumenta em até 83% o risco de mortalidade; endocrinologista explica por que mulheres estão entre as mais afetadas
Mudanças corporais que se intensificam após os 50 anos nem sempre são percebidas em consultas de rotina, mas podem esconder riscos importantes à saúde. Um estudo publicado em 2024 na revista Aging Clinical and Experimental Research, conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em parceria com a University College London, acompanhou cerca de 5 mil pessoas por 12 anos e identificou que a combinação entre acúmulo de gordura abdominal e perda de massa muscular eleva em 83% o risco de morte, especialmente por eventos cardiovasculares.
Entre as mulheres, esse cenário tende a se agravar com a chegada do climatério e da menopausa. A queda dos níveis de estrogênio provoca desaceleração do metabolismo, favorece o ganho de peso e altera a distribuição da gordura corporal, que passa a se concentrar na região abdominal. Estudos indicam que até 60% das mulheres nessa fase desenvolvem obesidade abdominal, um dos principais fatores de risco para doenças metabólicas e cardiovasculares.
Segundo a endocrinologista e metabologista PHD pela USP, Dra. Elaine Dias JK, essas alterações fazem parte de um processo biológico conhecido, mas que exige atenção clínica. “Com a menopausa, o metabolismo desacelera, há ganho de gordura abdominal e queda da massa muscular”, explica. A médica alerta que a obesidade abdominal representa um risco muito além da estética. “Esse acúmulo de gordura na região da cintura não é apenas estético: ele está diretamente ligado ao aumento da resistência à insulina, ao risco de diabetes tipo 2 e a doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte entre mulheres após os 50 anos”, afirma.
De acordo com a Dra. Elaine, a gordura visceral é extremamente perigosa por seu impacto direto no metabolismo. “A gordura abdominal é muito mais perigosa do que o acúmulo de gordura em outras partes do corpo, pois está associada a um aumento do risco de doenças metabólicas e cardíacas”, reforça. O estudo também chama atenção para a perda de massa muscular associada ao envelhecimento, condição que pode potencializar os efeitos negativos da obesidade quando não há diagnóstico e acompanhamento adequados. Para a especialista, o tratamento deve ser integrado e individualizado. “As canetas emagrecedoras são aliadas, mas precisam estar associadas a suporte nutricional, musculação, suplementação com proteína, vitamina D e nutrientes essenciais, além de estratégias de reeducação alimentar para evitar o efeito sanfona e preservar a massa magra”, orienta.
A Dra. Elaine comenta que a abordagem correta pode mudar o prognóstico de saúde das mulheres nessa fase da vida. “Quando conseguimos reduzir a gordura abdominal e preservar a massa magra, damos às mulheres mais qualidade de vida e autonomia para atravessar essa fase com equilíbrio e confiança”, conclui.


