Cerca de 60 a 80% da população em geral tem o vírus do herpes que fica latente no organismo.
Vírus pode ser transmitido pelo beijo, especialmente para recém-nascidos
As lesões do herpes podem afetar outras áreas do rosto, como os olhos e pálpebras. Outra característica do herpes simples tipo 1 é que podem ocorrer vários episódios da infecção ao longo da vida.
De acordo com a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, a infecção pelo herpes simples ocorre na infância. Porém, na maioria dos casos é uma infecção assintomática e autolimitada. O vírus se aloja nos gânglios sensoriais do nervo trigêmeo e fica latente. “A ativação do vírus é mediada por diversos fatores como estresse, baixa imunidade, exposição ao sol, traumas e quadros febris”.
Quando isso ocorre, o vírus migra por meio dos nervos até chegar nos tecidos. Embora o local mais afetado pela infecção seja a região dos lábios, a doença pode se espalhar e afetar as pálpebras e o globo ocular, sendo essa uma condição mais preocupante.
“Isso porque as lesões podem evoluir e invadir a córnea levando a um quadro de ceratite herpética. Trata-se de uma condição que exige tratamento para prevenir danos na visão”, ressalta a especialista.
Vale lembrar que há dois tipos de herpes simples: o HSV-1 e o HSV-2. O tipo 1 está ligado às lesões na região da face e o tipo 2 é uma variação relacionada à transmissão sexual cujas lesões se localizam nos órgãos genitais.
Além das bolhas doloridas
Quando o herpes simples afeta o globo ocular causa outros sinais e sintomas além das lesões características da infecção.
“As manifestações do herpes simples nos olhos lembram os da conjuntivite. Entretanto, na maioria dos casos apenas um dos olhos é afetado. Essa é uma característica essencial para diferenciar as duas doenças e tratar de forma adequada”, explica Dra. Maria Beatriz.
Entre as manifestações do herpes simples ocular estão:
- Sensação de corpo estranho, areia nos olhos
- Dor de cabeça
- Sensibilidade à luz
- Vermelhidão
- Lacrimejamento
- Coceira
- Irritação
Nas pálpebras, os sintomas são parecidos com aqueles que surgem quando a lesão eclode nos lábios. Geralmente a pessoa começa a sentir coceira que é seguida da eclosão de bolhas que se transformam em feridas.
A ceratite herpética é uma condição potencialmente grave para a visão. Por isso, na presença dos sintomas é preciso procurar um oftalmologista com urgência. Outro aspecto que chama a atenção no herpes ocular é sua taxa de recorrência que pode chegar a 50% em cinco anos.
Herpes se transmite no beijo?
Certamente você já leu notícias a respeito de recém-nascidos que contraíram o vírus do herpes depois de serem beijados ou manuseados nos primeiros dias de vida.
“O herpes simples é altamente contagioso, principalmente na fase em que as bolhas se rompem e soltam secreção. Portanto, o beijo ou o contato com um recém-nascido sem lavar as mãos é algo que não se deve fazer caso a pessoa esteja com a infecção em curso”, alerta Dra. Maria Beatriz.
O herpes neonatal é extremamente grave porque o recém-nascido não tem nenhuma defesa em seu sistema imunológico. As lesões podem causar diversos problemas graves e evoluir e levar o bebê a óbito.
Para além disso, a especialista adiciona que há outras doenças que podem ser transmitidas para bebês recém-nascidos. “Portanto, com herpes ou sem herpes, não se deve beijar bebês e todo manuseio deve ser feito com a máxima higienização das mãos”.
Como é o tratamento para o herpes ocular?
O tratamento do herpes simples pode ser feito com antivirais tópicos ou orais. Os pacientes que apresentam recorrência do herpes ocular podem ter indicação para realizar a terapia profilática com antivirais para evitar novas crises.
A prevenção passa pela higiene das mãos, evitar contato com pessoas infectadas, jamais compartilhar objetos de uso pessoal, como itens de maquiagem, por exemplo, gerenciar o estresse e manter uma boa imunidade por meio de um estilo de vida saudável.