A doença silenciosa é uma das neoplasias ginecológicas mais comuns e fatais a mulheres em idade reprodutiva
O câncer de ovário é o segundo tipo de neoplasia que mais acomete o sistema reprodutor feminino, ficando atrás apenas do câncer do colo do útero, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A estimativa do Inca é de 6.650 novos casos em 2020.
Para a oncologista do Hospital do Câncer Anchieta, Dra. Janice Farias, esse tipo de câncer não tem uma origem patológica claramente estabelecida. “Sugere-se que o trauma provocado pelo processo de ovulação pode contribuir para o crescimento desordenado de células no epitélio ovariano, ocasionando a neoplasia maligna dessa região”, explica. Conforme dados do Inca, cerca de 95% do casos de câncer do ovário é derivado das células epiteliais, ou seja, células que revestem o ovário.
Entre os fatores de risco estão a obesidade, idade mais avançada, a primeira menstruação antes dos 12 anos, menopausa depois dos 50 anos, historia familiar de câncer de ovário, colorretal ou de mama. Segundo a oncologista, é incerta a relação entre infertilidade e o surgimento da doença. “Alguns estudos mostram que mulheres inférteis podem apresentar maior risco de câncer de ovário, sobretudo quando a causa da infertilidade está relacionada à endometriose. A infertilidade por si só não parece ser fator de risco independente”, explica Dra. Janice.
Sintomas
Não há sinais específicos relacionados ao câncer de ovário. Na fase inicial, o câncer de ovário pode não apresentar sintomas. Já nos casos mais avançados, o paciente pode sentir dor e distensão abdominal, indigestão, sensação persistente de bexiga cheia, perda de peso e alteração do hábito intestinal (constipação intestinal ou diarreia).
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da doença é feito através de exame ginecológico e exames de imagem, como ecografia transvaginal, ressonância ou tomografia de pelve. De acordo com a médica radiologista do Anchieta Diagnósticos, Dra. Ana Paula Damy, o diagnóstico definitivo da doença só pode ser feito por meio de biópsia e análise laboratorial. Além disso, exames de imagem como Ultrassonografia, Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética ajudam a presumir grau de disseminação e se o tumor é benigno ou maligno.
Segundo a especialista, o ultrassom é geralmente o primeiro exame realizado se existe uma suspeita de câncer de ovário, já que permite diferenciar um tumor do ovário de cistos tipicamente benignos. “Por utilizar um transdutor de alta frequência mais próximo dos anexos, o exame transvaginal aumenta a resolução e melhora a capacidade de detectar anormalidade do ovário. A combinação de ultrassom transvaginal com Doppler colorido otimiza ainda mais a detecção do câncer ovariano em estágio inicial”, elucida Dra. Ana Paula Damy.
A Ressonância Magnética também tem papel importante na avaliação inicial e planejamento terapêutico, bem como no acompanhamento após o tratamento. “Permite, além da avaliação da anatomia da pelve, acrescentar informações funcionais que contribuem para melhor caracterização das lesões, estadiamento mais acurado, principalmente na avaliação de pequenas metástases, avaliação de resposta e diferenciação entre alterações pós-terapêuticas e recidivas tumorais”, explica a médica radiologista. Já a Tomografia Computadorizada permite uma avaliação do grau de disseminação da doença
De acordo com a Dra. Janice, o tratamento inclui cirurgia para a retirada dos ovários e quimioterapia com ou sem anticorpo monoclonal em algumas mulheres com lesões mais avançadas. Uma nova classe de drogas orais, os inibidores PARP (poli ADP ribose polimerase), vem sendo utilizada no tratamento de manutenção do câncer de ovário avançado, sobretudo entre aquelas pacientes que apresentam mutação nos genes BRCA 1 e 2.