Idosa com Alzheimer deixa recado para a família em porta de armário


Com o avanço da doença, a idosa agora vive na casa de uma das filhas, mas deixou um pedido registrado em seu apartamento

Uma idosa com Alzheimer do Mato Grosso do Sul deixou um pedido registrado na porta de seu armário. Ela expressou com um marcador permanente seu desejo de se tornar uma doadora de órgãos.

Não se sabe em que momento Maria Pinilla Porta, atualmente com 77 anos, marcou estas intenções à caneta. Em uma visita para esvaziar o imóvel dela e alugá-lo, a família encontrou o recado anotado na porta de um armário.

Maria era criança quando sua família deixou a Espanha. Ela viveu em Curitiba (PR) e depois em Dourados (MS). Os sinais do Alzheimer e de esquecimento começaram durante a pandemia e foram se acentuando a ponto de, em agosto de 2021, ela ter sido levada para viver junto com uma filha. Seu apartamento, com isso, foi fechado.

No recado, a idosa afirma ser “doadora total de órgãos” e faz um inventário de quais de seus órgãos estão, em sua avaliação, aptos: “O pulmão não, fumei muitos anos. O fígado é virgem, nunca bebi”, enumera ela. A imagem foi compartilhada pela neta dela, a influencer Sofia Espinosa Moura, de 23 anos.

“Quando a gente achou aquele escrito da doação de órgãos nos impressionou. A gente nunca imaginou que ela ia fazer isso, sabe? Minha avó sempre foi muito reservada, mas ela sempre foi uma mulher muito inteligente, muito à frente do seu tempo”, afirma a neta.
Entretanto, pelo limite de idade para a doação de órgão determinado pelo Ministério da Saúde, não será possível cumprir a maioria das vontades de dona Maria. Apenas as córneas, se saudáveis, podem ser doadas sem idade estabelecida. Os limites são:

  • Rim, 75 anos;
  • Fígado, 70 anos;
  • Válvulas cardíacas, 65 anos;
  • Pele e ossos, 65 anos;
  • Coração, 55 anos;
  • Pulmão, 55 anos;
  • Pâncreas, 50 anos.

Além disso, é preciso estar de acordo com a família e comunicar a decisão aos parentes, posto que a palavra final será dada por eles após a morte cerebral do doador em potencial.

Atualmente, Maria ainda é capaz de reconhecer em algumas ocasiões a filha com quem vive, mas já enfrenta um estágio avançado de declínio cognitivo por conta do Alzheimer.

“A minha avó por trás do alzheimer teve uma história muito linda que a gente não pode deixar passar. Ela foi uma mulher que trabalhou toda sua vida. Quando eu postei esse vídeo, não imaginava essa repercussão toda, mas se uma pessoa mudar de ideia enquanto a doação de órgãos, acho que já valeu a pena”, conclui a neta.

METRÓPOLES

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *