Nunca se falou tanto em vacina quanto no último ano. No entanto, os imunizantes estão presentes na rotina de pessoas em todas as faixas etárias e são fundamentais para combater doenças, salvando milhões de vidas anualmente. No caso dos idosos, é importante manter a imunização em dia para garantir um envelhecimento ativo e saudável.
De acordo com Maurício Ventura, geriatra e presidente da SBGG-SP (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), com o envelhecimento populacional e o aumento da prevalência das doenças crônicas e degenerativas, é importante que o idoso esteja atento às vacinas indicadas de acordo com a sua faixa etária.
“É fundamental conversar com o geriatra e receber as orientações sobre a imunização para prevenir doenças e avaliar potenciais riscos da vacinação de forma individual”, completa.
As doenças infecciosas quando atingem idosos podem levar à descompensação de problemas crônicos: uma gripe, por exemplo, evolui para uma pneumonia e aumenta o risco de morte em quem tem diabetes, problemas cardíacos ou pulmonares.
Os especialistas destacam que é importante manter a vacinação em dia mesmo em tempos de covid-19. “A recomendação é dar um intervalo de pelo menos 14 dias entre a vacina contra o novo coronavírus e as outras imunizações. Apesar da gravidade da covid-19, vale reforçar que toda vacina é importante e com os cuidados adequados (distanciamento social, uso de máscaras, buscar horários com menos movimento) é possível receber as vacinas em segurança e não deixar de se prevenir para outras doenças graves”, destaca Mônica Levi, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).
A seguir, veja quais vacinas são recomendadas para a população com mais de 60 anos e estão disponíveis nos postos de saúde ou apenas em clínicas particulares.
Gripe/Influenza
A doença é causada por uma infecção viral (influenza), cujos sintomas são mais respiratórios. Geralmente, dura uma semana e a pessoa apresenta febre alta, dores musculares, dor de cabeça, mal-estar intenso e coriza.
“Somente a vacina contra gripe (influenza) deve ser tomada anualmente. Isso ocorre porque existem mutações que alteram o vírus. Assim, uma vacina que foi aplicada em um determinado ano perde a sua eficácia no ano seguinte”, explica Ventura.
Dessa forma, a vacinação contra influenza deve ser anual e está disponível nos postos de saúde para maiores de 55 anos, faixa etária em que formas mais graves, complicações e óbitos são mais frequentes. A vacina contém vírus inativo, por isso não causa a doença e é segura para os idosos.
Estima-se que a gripe causada pelo vírus influenza atinja entre 5% a 10% dos adultos em todo o mundo anualmente.
Pneumocócica (VCP13) e (VPP23)
Previne múltiplas infecções, que variam desde otite (inflamação no ouvido) até mais severas e invasivas, como pneumonia bacteriana, sepse e meningite. A pneumonia que é provocada pela bactéria pneumococo é mais comum no inverno e quando associada à gripe, fica ainda mais grave para idosos.
Em pessoas com idade a partir de 60 anos, a vacina deve ser aplicada como medida de rotina. A pneumonia pneumocócica é a causa comum de internação e morte em idosos.
A recomendação é iniciar com uma dose da VPC13 e, em seguida, tomar uma dose de VPP23 entre seis e 12 meses depois. Uma segunda dose de VPP23 deve ser aplicada após cinco anos. Essa vacina não é fornecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde), apenas em clínicas particulares. Os Centros de Referência ao Idoso administram essas vacinas a idosos que tenham algum tipo de doença crônica.
Tríplice bacteriana
Imuniza contra difteria, tétano e coqueluche. Trata-se de uma vacina inativada, portanto, não tem como causar as doenças. É recomendada como reforço em adultos e idosos.
“Caso o idoso nunca tenha sido vacinado, deve receber três doses da vacina contra tétano em intervalos de 0, 2, 4 a 8 meses. Caso já tenha tomado as doses anteriormente, precisa realizar um reforço a cada 10 anos”, afirma Thais Ioshimoto, geriatra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).
Para idosos, é fornecida nos serviços privados de vacinação. No Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde há disponível a vacina dupla adulto (difteria e tétano).
Hepatite B
A imunização contra a hepatite B (infecção que ataca o fígado) também é indicada para os idosos. Ela está disponível no SUS. Já a vacina para hepatite A também pode ser indicada, caso o especialista ache necessário.
Importante ressaltar que na terceira idade a maioria já teve a doença do tipo A. Por isso, não é rotineira e essa vacina não está disponível na rede pública.
Febre Amarela
A doença infecciosa é transmitida por um mosquito e o idoso só deve ser vacinado se tiver o risco de se expor ao vírus —em surtos da doença, por exemplo. É oferecida pelo SUS.
“Como a vacina contra a febre amarela tem mais efeitos colaterais em idosos, eles devem conversar com seu médico antes de se vacinar. Caso o especialista indique a vacinação, ela é realizada em dose única”, afirma Ioshimoto.
Herpes zóster
Pouco conhecida da população, a doença, que é chamada popularmente de cobreiro, é causada pelo herpesvírus humano tipo 3. E é mais comum no idoso após a reativação do vírus de quem já teve catapora durante a infância. Ocorre na terceira idade devido à diminuição da imunidade ao vírus. A doença causa lesões e dores.
A vacinação é recomendada para idosos que tiveram a doença na infância e é aplicada em dose única. Mas, não é oferecida pelo SUS para a faixa etária de pessoas acima dos 60 anos que não tenham comorbidades.
Meningocócicas
Causada pela bactéria Neisseria meningitidis, a doença meningocócica ocasiona infecções graves como meningite. Ela é indicada apenas em casos de epidemia do problema de saúde —surtos e viagens de risco. É necessária uma dose única. Também não está disponível gratuitamente nos postos de saúde.
Tríplice viral
Imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola. Apesar de não ser uma vacina rotineira para idosos, é indicada em casos de surtos das doenças. E também quando houver a suspeita de ser suscetível a essas enfermidades, ou seja, quando não desenvolveu as infecções na infância ou idade adulta e nem recebeu as doses adequadas da vacina tríplice viral.
A tríplice viral é uma vacina combinada de vírus vivo atenuado. Por isso, não é recomendada para indivíduos imunossuprimidos, como é o caso de quem realizou transplante, tem câncer ou HIV. Para idosos, é encontrada em clínicas privadas de vacinação.
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